Nessa quarta-feira, durante a votação, todos os partidos fizeram uma defesa veemente da necessidade de abolição dos rendimentos adicionais. Em março, quando o Estado de Minas iniciou uma série de matérias denunciando a regalia, muitos líderes partidários preferiram não se posicionar sobre o assunto e fugiram do tema. O constrangimento era visível. Com a crescente pressão da opinião pública, o cenário foi se modificando. O senador Ivo Cassol (PP-RO) chegou a dizer que o salário de aproximadamente R$ 27 mil era “muito pouco”.
Durante sessão na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), o senador Cyro Miranda (PSDB-GO) declarou que tinha pena de quem “era obrigado a viver com uma remuneração líquida de R$ 19 mil por mês”. Empresário, ele ainda salientou, em tom de alívio, que não dependia do salário do Senado para sobreviver. Ontem, os dois fizeram questão de falar em plenário e encaminhar o voto favorável ao fim do benefício.
O texto do projeto da então senadora e atual ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, aprovado sem nenhuma alteração, prevê que os deputados e senadores recebam apenas duas ajudas de custo durante todo o mandato, uma no início e outra no fim da legislatura. Hoje, os dois salários extras são pagos anualmente. “A Constituição não fala em 14º e 15º salários. Só fala em 13º. Não tem cabimento”, salientou o senador Pedro Taques (PDT-MT).
Sem sentido
O relator da matéria, senador Lindbergh Farias (PT-RJ), afirmou que os dois salários a mais só se justificavam quando os meios de transporte ainda eram bastante precários. “Estou muito feliz. Tive o prazer de ser o relator desse projeto. É simples. Hoje, não faz o menor sentido os senadores e deputados continuarem recebendo 14º e 15º. Quando foram criados, fazia sentido, porque os parlamentares precisavam se deslocar com as famílias todos os anos para o Rio de Janeiro.” O senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) comemorou a votação e ressaltou a força da imprensa e da opinião pública.