Jornal Estado de Minas

Para promotor, Celso Daniel queria 'dar fim à corrupção'

AgĂȘncia Estado
O prefeito Celso Daniel (PT), de Santo André, foi executado a tiros em janeiro de 2002 porque decidiu dar fim a um esquema de corrupção em sua própria administração. Essa é a tese que o promotor Marcio Friggi de Carvalho vai sustentar no Tribunal do Júri de Itapecerica da Serra, onde nesta quinta serão julgados cinco acusados pelo crime. O julgamento será presidido pelo juiz Antonio Augusto Galvão de França Hristov.
Segundo o promotor, Daniel foi vítima de “encomenda mediante paga”.

O promotor afasta completamente a hipótese levantada pela Polícia Civil, de que o prefeito foi atacado por um bando de criminosos comuns, que o sequestraram para pedir resgate em dinheiro. Ele reafirma tese do Ministério Público, de que Daniel aceitava a corrupção em seu governo enquanto imaginava que dinheiro desviado ia para o caixa 2 do PT.

“O prefeito conhecia o esquema de dinheiro para o caixa 2 de seu partido, para beneficiar o PT nas eleições, inclusive para a campanha do presidente Lula naquele ano”, afirma o promotor. “Ele estava de acordo. Aí descobriu que o dinheiro também servia para enriquecimento pessoal de integrantes do esquema.”

O promotor relata que uma testemunha contou que Gilberto Carvalho, então assessor de Daniel na Prefeitura, “levava dinheiro do esquema de corrupção pessoalmente ao então presidente do PT, José Dirceu”. Carvalho, hoje secretário geral da Presidência, é réu em ação civil por improbidade na Vara da Fazenda Pública de Santo André. Ele e Dirceu negam categoricamente envolvimento.

O principal suspeito, segundo a promotoria, é o empresário Sérgio Gomes da Silva, o Sérgio Sombra. Ele seria o mandante do assassinato e teria pago uma parcela de US$ 40 mil aos executores. Seu advogado, Roberto Podval, questiona no Supremo Tribunal Federal a legitimidade do Ministério Público para fazer investigações criminais. O júri de Sombra ainda não tem data.

O primeiro julgamento do caso Celso Daniel, em novembro de 2010, levou à condenação de Marcos Roberto Bispo dos Santos, que pegou 18 anos de prisão. Hoje serão julgados outros cinco réus, entre eles o líder da quadrilha, Ivan Rodrigues da Silva, conhecido como Monstro.