O presidente nacional do PT, deputado estadual Rui Falcão (SP), voltou a cobrar, nesta quinta, do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, explicações para o fato dele não ter denunciado o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) em 2009, época da Operação Vegas, da Polícia Federal (PF).
"Acho que o procurador e sua esposa precisam responder ao delegado da Polícia Federal (PF)", disse Falcão, referindo-se ao depoimento do delegado Raul Alexandre Marques, que nessa semana, em depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira, teria dito que Gurgel tinha à época elementos para denunciar a organização criminosa. A esposa de Gurgel, Claudia Sampaio, é subprocuradora da República.
O presidente do PT lembrou ainda que o depoimento do delegado à CPMI também provocou dúvidas em parlamentares da oposição, como o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) e o senador Randolph Rodrigues (PSOL-AP). Segundo Falcão, o PT não fará nenhuma recomendação para convocação de Gurgel à CPMI e que, embora não pretenda intervir na comissão, acredita ser importante que o procurador-geral se explique pelo fato de não ter dado prosseguimento à Operação Vegas. "No Brasil nenhuma pessoa está acima da lei."
Rui Falcão ressaltou que é preciso investigar como a organização criminosa liderada por Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, se infiltrou na cúpula do poder e como o contraventor pretendia fazer do senador Demóstenes Torres um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Na opinião do dirigente do PT, se as denúncias de 2009 tivessem sido encaminhadas pelo procurador, possivelmente o senador não conseguisse se reeleger. "Se soubéssemos em 2010 talvez Demóstenes Torres não seria senador", concluiu.
O petista acredita que a comissão pode contribuir para a discussão sobre uma reforma política e debates sobre transparência e ética na administração pública. Segundo Falcão, a CPMI pode colaborar também para "a ampliação da liberdade de expressão" e da regulamentação de artigos da Constituição referentes ao tema. "Nada melhor do que expandir as necessidades de comunicação", defendeu.