Brasília - A presença dos advogados do empresário Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, do ex-diretor da construtora Delta, Cláudio Abreu, e do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), na sessão secreta da comissão parlamentar mista de inquérito que investiga os três provocou reclamações nesta quinta-feira
O senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) questionou a decisão do presidente da CPMI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), de autorizar a presença dos advogados na sessão sem consultar ou sequer comunicar aos parlamentares presentes.
A sessão está acontecendo a portas fechadas e até um grande pedaço de papel foi colocado em uma das janelas de vidro para evitar que a imprensa pudesse fazer imagens dos depoentes. O delegado Matheus Mela Rodrigues, e os procuradores Daniel de Rezende Salgado e Léa Batista de Oliveria, que atuam nas operações Monte Carlo e Vegas, estão desde as 10h contando aos membros da CPMI os detalhes das investigações que resultaram na prisão de Cachoeira e Abreu e em um processo contra Demóstenes no Conselho de Ética do Senado.
Como os processos contra os três ainda corre em segredo de Justiça, a sessão da CPMI também teve que ser secreta. Para o senador Cássio Cunha Lima, a presença dos advogados deveria ter sido comunicada aos parlamentares para que eles se preparassem. “Eu posso até admitir a hipótese de o presidente decidir pela presença dos advogados monocraticamente, mas temos que ser cientificados para que possamos, por exemplo, orientar nossas perguntas, para que pudéssemos formular nossos argumentos”, disse o senador.
A CPMI do Cachoeira, como vem sendo chamada a comissão de inquérito, está baseando as próprias investigações nas apurações das operações Vegas e Monte Carlo. Os dois inquéritos da Polícia Federal apontam para a existência de uma quadrilha, comandada por Carlinhos Cachoeira, que controla jogos ilegais, esquemas de fraudes em licitações e pagamento de propinas a agentes públicos. A construtora Delta, da qual Cláudio Abreu foi diretor no Centro-Oeste, era utilizada pela quadrilha para atuar em obras públicas. O senador Demóstenes Torres era considerado sócio de Cachoeira no esquema.