Itapecerica da Serra - Os advogados dos três acusados de participação na morte do prefeito de Santo André em 2002, Celso Daniel, disseram nesta quinta-feira que não há provas contundentes para incriminar os réus. Logo após a acusação do promotor Márcio Augusto Friggi de Carvalho, a advogada Patricia Ramunni, que defende José Edison da Silva, disse que “não há nada real e concreto contra os três (acusados)”.
“Não há nada que comprove que eles estiveram no local do crime”, disse a advogada, durante a defesa de seu cliente no Fórum de Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo. “É essa a Justiça que a sociedade quer? Uma verdade forjada?”, disse a advogada, que defendeu que os verdadeiros culpados pela morte do prefeito jamais serão punidos pelo crime.
Cinco acusados pela morte do prefeito seriam julgados hoje, mas os advogados de defesa de Itamar Messias dos Santos Filho e Elcyd Oliveira Brito, conhecido como John, deixaram o plenário e tiveram os julgamentos remarcados para o dia 16 de agosto.
Com isso, estão sendo julgados Ivan Rodrigues da Silva, conhecido como Monstro, Rodolfo Rodrigo dos Santos Oliveira, o Bozinho, e José Edison da Silva. O promotor pediu a condenação dos três por homicídio duplamente qualificado mediante pagamento e sem possibilidade de defesa para a vítima.
Celso Daniel foi sequestrado no dia 18 de janeiro de 2002, quando saía de um jantar com o amigo e empresário Sérgio Gomes da Silva, o Sombra, que não foi levado pelos bandidos. O prefeito foi colocado em um cativeiro, em Juquitiba, próximo a Rodovia Régis Bittencourt, que liga São Paulo ao Sul do país, mas dois dias depois foi executado com oito tiros. Para o promotor, Sombra é o mandante do crime.
Sérgio Gomes da Silva é também réu no processo. O empresário, no entanto, não está sendo julgado hoje, já que o processo dele foi desvinculado dos demais. Para o Ministério Público, Sombra mandou matar o prefeito porque ele teria descoberto que o esquema de corrupção que existia na prefeitura de Santo André não estava favorecendo apenas o caixa 2 do PT, mas também servia para enriquecimento dos membros do esquema, com o qual Celso Daniel não concordava.
Para o irmão do prefeito, Bruno Daniel, o julgamento de hoje pode “avançar, na medida em que os fatos que ainda não foram elucidados venham a ser elucidados”. Entre eles, segundo Bruno Daniel, está a participação de Sérgio Gomes, se ela ocorreu mesmo de forma isolada ou se houve outros mandantes do crime. “Acredito que ainda há muito a avançar. Mas de qualquer maneira, chegamos a um ponto para o qual a família lutou muito”, disse Bruno Daniel.
Para Bruno Daniel, uma “condenação hoje reforça as teses do Ministério Público e descarta aquela versão correntemente defendida por muitos que é a de que o que ocorreu foi simplesmente um crime comum”.
Neste momento, o promotor tem direito a fazer a réplica, por até duas horas. A defesa ainda pode pedir a tréplica. Após os debates, os sete jurados darão o veredicto.