Jornal Estado de Minas

'Braço' de Carlinhos Cachoeira está no exterior

Contraventor enviava dinheiro para paraísos fiscais e tinha bingo no Caribe, diz delegado

João Valadares Gabriel Mascarenhas
Brasília – A organização criminosa comandada pelo bicheiro Carlinhos Cachoeira tinha um braço internacional bastante ativo e sólido. Depoimento secreto do delegado da Polícia Federal responsável pela Operação Vegas, Matheus Mella Rodrigues, prestado ontem na CPI do Cachoeira, confirmou que boa parte do dinheiro arrecadado ilegalmente com jogos de azar no Brasil era transferido para paraísos fiscais do Caribe. Havia também um bingo pertencente à organização criminosa que funcionava numa das Ilhas Virgens Britânicas, próximo à costa da Venezuela, e servia de canal para evasão de divisas. A Polícia Federal descobriu que Cachoeira é dono de vários imóveis em Miami, nos Estados Unidos.
De acordo com o relato do delegado aos parlamentares, a conexão no exterior tinha a finalidade de lavar o dinheiro sujo arrecadado no Brasil, sobretudo em Goiás. Uma das empresas investigadas no exterior chama-se Souza Ramos. O investigador fez uma pequena conta e demonstrou que, em apenas 30 máquinas, a organização faturava R$ 1 milhão por mês. "Desse total, Cachoeira ficava com 30% livres. Foi isso o que disse o delegado", revelou o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP).

A Polícia Federal listou 13 empresas que se interligavam e constituíam uma pirâmide com base rentável para o grupo de Cachoeira. O depoimento jogou ainda mais lama na construtora Delta. Aos integrantes da comissão, o investigador informou que a empreiteira realizou depósito no valor de cerca de 40 milhões nas contas das construtoras de fachada Alberto Pantoja, Brava e JR. Todas, segundo a investigação, estão em nome de laranjas e são controladas por Cachoeira.

Durante o depoimento, foi apresentada uma lista com o nome de 81 pessoas, grande parte agentes públicos, mencionadas pelos integrantes da organização criminosa nos diálogos obtidos por meio de interceptações telefônicas. O policial fez questão de ressaltar que várias pessoas citadas nos diálogos não têm um vínculo criminoso com o grupo de Cachoeira.