Os três cheques repassados ao governador goiano somavam R$ 1,4 milhão, segundo o delegado federal. Duas folhas eram de R$ 400 mil e a outra de R$ 600 mil. "Ele confirmou que foram três cheques", disse o deputado Paulo Teixeira (PT-SP).
Na avaliação do senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), as informações do delegado confirmam que a casa foi vendida de Perillo para Cachoeira. "A casa em que ele foi preso pertencia anteriormente a Perillo. Logo, foi uma venda do governador para Cachoeira", disse. Ao confirmar ter ouvido do delegado sobre os cheques do sobrinho de Cachoeira para o governador de Goiás, o senador tucano Cássio Cunha Lima (PB) argumentou que a transação mostra que o negócio foi lícito. "Se houve um cheque, foi um negócio lícito", disse o tucano.
A transação foi revelada nos autos da operação. O delegado não apresentou à comissão cópia dos cheques do sobrinho do bicheiro. Esses documentos ainda podem constar do farto material apreendido durante a operação, mas que ainda não foi periciado. O conteúdo apreendido em 28 dos 80 locais de busca e apreensão visitados pela PF no dia da operação ainda não foi sequer tocado.
As revelações do delegado fizeram com que o presidente da CPMI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), admitisse submeter à votação do colegiado na próxima quinta-feira a revisão do cronograma de trabalho da comissão para permitir a convocação de Perillo. As convocações dos governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Sérgio Cabral Filho (PMDB), do Rio de Janeiro, também poderá ser submetida à votação no dia 17. Todos os requerimentos serão individuais.
Em nota, o governador que a venda da casa foi intermediada "pelo sr. Wladmir Garcêz, que inicialmente se apresentou como comprador do imóvel e, na escrituração, ele disse que o comprador seria o sr. Walter Paulo. Em seguida o sr. Wladmir levou os cheques ao governador. Na época o governador não observou o nome do emitente pois a casa só seria escriturada após a devida quitação." Segundo Perillo, "trata-se de patrimônio pessoal do governador e foi vendida rigorosamente dentro da lei e declarada no Imposto de Renda em uma transação que, absolutamente, nada tem a ver com a atividade pública do governador. Se o governador tivesse alguma dúvida com relação à legalidade da transação e não tivesse agido de boa fé, não teria declarado a venda de forma transparente no Imposto de Renda. Tanto é que o governador depositou os três cheques em sua conta corrente."