Para ela, a comissão ainda tem uma estrutura frágil, pois precisa de mais integrantes e de maior tempo de trabalho. “Os nomes dão seriedade, acho que o problema da comissão é o da lei, que abrange um período enorme e com dois anos de funcionamento para apurar todos esses crimes. Não é compatível o período com a quantidade de integrantes.”
A Comissão da Verdade é composta por juristas, ex-ministros e intelectuais. Entre os membros está a advogada Rosa Maria Cardoso da Cunha, que atuou na defesa de presos políticos, como a presidenta Dilma Rousseff. “A Rosinha foi minha advogada. Tenho por ela um apreço muito grande. Foi ela quem me salvou e me tirou daquela situação. Sei que ela é daquelas mulheres dedicadas”, disse Maria Amélia.
Não há nenhum militar na comissão. De acordo com Maria Amélia, a presidenta Dilma agiu corretamente ao não indicar um integrante das Forças Armadas. “No momento, os militares não têm idoneidade para apurar crimes que eles mesmos cometeram. É antiético.”
Em março, militares da reserva fizeram um manifesto criticando a presidenta Dilma Rousseff e algumas ministras por causa da Comissão da Verdade. Na ocasião, o ministro Celso Amorim disse que a lei que instituiu a comissão será aplicada integralmente, inclusive na observância, que ela própria estipula, da Lei de Anistia – editada em 1979, perdoando todos crimes políticos e de perseguição por motivos políticos à época da ditadura militar (1964-1985).
A Comissão da Verdade será instalada oficialmente no dia 16 de maio. O grupo terá dois anos para ouvir depoimentos em todo o país, requisitar e analisar documentos que ajudem a esclarecer as violações de direitos humanos. De acordo com o texto sancionado, a comissão tem o objetivo de esclarecer fatos e não terá caráter punitivo.