De acordo com o senador, não havia elementos suficientes para denunciar os envolvidos naquele momento, mas Gurgel não teria arquivado a investigação, e sim esperado para obter mais informações. "Se ele fizesse isso levantaria a lebre. Prudentemente, o procurador-geral da República evitou tomar essa providência. E foi graças a isso que os comparsas de Carlos Cachoeira continuaram suas conversas, o que permitiu o resultado obtido", afirmou.
Pedro Simon chegou acusar o PT de má-fé por tentar levar para a CPI a investigação do que ele chamou de "inércia do procurador". " Parece piada, mas é a verdade. Transformar a CPI do Cachoeira na CPI do procurador-geral é algo que não pode ser levado a sério", lembrando que um dos antecessores de Gurgel, Geraldo Brindeiro - procurador-geral entre 1995 e 2003 - chegou a ser apelidado de "engavetador-geral da República", mas nem por isso o PT tentou investigá-lo. "O PT poderia tomar uma providência no âmbito do próprio Ministério Público e deixar a CPI seguir seu caminho", declarou.
Rodrigo Rollemberg afirmou que é "um erro grave a CPI querer lançar suspeitas sobre a atuação do Procurador". "O Procurador deve ter autonomia. É importante registrar que o procurador indicado pela presidente da República foi sabatinado e aprovado pelo Senado Federal, que demonstrou, ao aprovar, confiança no seu trabalho", disse o senador. "Mas ele deve ter autonomia para tendo conhecimento minucioso e profundo dos elementos da investigação, identificar, definir qual o melhor momento para propor a ação e se deve propor a ação".
No entanto, o presidente da CPI do Cachoeira, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), disse que a comissão deve votar na próxima quinta-feira, 17, um pedido para se convocar para depor o procurador-geral da República, Roberto Gurgel. Deputados e senadores do PT e o senador Fernando Collor (PTB-AL) defendem a ida de Gurgel à comissão.
Gurgel já sinalizou que não pretende ir à CPI caso seja convocado. Ele pode recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para ser desobrigado a ir à comissão. O argumento é o de que estaria impedido legalmente de depor como testemunha porque é o acusador contra Cachoeira e os parlamentares no STF.