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Estado de Minas

Escutas da Polícia Federal mostram que o grupo de Cachoeira tinha pistoleiros

Braço armado era responsável por execuções e ações de intimidação contra adversários do contraventor


postado em 12/05/2012 06:00 / atualizado em 12/05/2012 07:08

Brasília – As interceptações telefônicas dos comparsas do bicheiro Carlinhos Cachoeira, realizadas pela Polícia Federal com autorização judicial, indicam que a quadrilha era composta por um braço armado responsável por homicídios e ações de intimidação para manter os negócios do grupo. Duas conversas monitoradas entre quatro integrantes do grupo de Cachoeira entre 6 de abril e 25 de junho de 2011 fizeram os investigadores suspeitarem da existência de esquema de pistolagem, paralelamente à rede ilegal de Cachoeira.

Grampos envolvendo responsáveis pela rede de segurança da quadrilha trazem diálogo entre dois homens identificados apenas como Jefferson e Marco, tramando a contratação de pistoleiros. Jefferson entra em contato com Marco e dá a entender que o comparsa conhece criminosos que já realizaram execuções anteriormente. Marco fica em dúvida se a contratação seria para intimidar alguém, mas Jefferson explica: “Não é para arrochar, é para tomar bênção lá em cima”.


Outros dois interlocutores, integrantes da quadrilha de Cachoeira, também investigados por supostamente contratar pistoleiros, tiveram telefonemas monitorados pela Polícia Federal. Na conversa, um relata ao outro que está “com um problema aí pra resolver” e pede a indicação de um policial militar ou civil da quadrilha para “resolver” o “negócio”. O comparsa ainda questiona se o problema seria relativo a máquinas caça-níqueis, e o interlocutor responde que não. “Né não. É outro trem aí...tem um vagabundo dando trabalho aí.”


CPI


As conversas grampeadas pela polícia revelam um perfil violento do grupo, informação confirmada pelo delegado Raul Alexandre Souza, em depoimento à CPI do Cachoeira. De acordo com o delegado, integrantes da quadrilha foram flagrados durante a investigação discutindo sequestro de um explorador de máquinas caça-níqueis que estaria enganando o grupo.

O próprio Cachoeira foi flagrado nos grampos ligando para um policial pedindo que a autoridade “desse um jeito” em um homem que ameaçou de morte o filho de um amigo do contraventor. Durante a desavença, o bicheiro pediu a intervenção policial na briga, como um favor. “Ele não mexe com droga, só pode ter mexido com a mulher do cara. Dá um jeito nesse cara”, pede.


De acordo com o jurista Emanuel Messias Oliveira Cacho, conselheiro da Associação Brasileira dos Advogados Criminalistas, as apurações da Operação Monte Carlo, que focam a atuação do contraventor, podem dar origem a diversos outros inquéritos, inclusive um para apurar o crime de pistolagem. “Da CPI podem se formar vários inquéritos. Se a CPI descobrir crime de pistolagem, pode mandar para a polícia investigar, a Polícia Civil terá que conduzir, pois os homicídios deverão ser analisados pela Justiça estadual.”

Dois integrantes do grupo de Cachoeira, identificados como Jefferson e Marco, conversam sobre a contratação de dois pistoleiros. Veja a transcrição:

Marco: Oi, doutor
Jefferson: Oi, meu irmão, como você está, meu parceiro?
Marco: Vou indo.
Jefferson: Eu estou com dinheiro jogando fora.
Marco: O senhor mudou de área, está no Plano Piloto, como está a concorrência para roubar?
Jefferson: O trem está bonito. Estou com um negócio pra gente ganhar dinheiro.
Marco: É bom.
Jefferson: O cara requer dois caras bons, de profissão, entendeu? Eu falei pra ele que tenho uma indicação sua, você leva R$ 1 mil.
Marco: O que o cara quer, é pra arrochar quem?
Jefferson: Não é para arrochar, é para tomar benção lá em cima.
Marco: Tô ligado.
Jefferson: Então você indica duas pessoas pra mim, pra poder trabalhar, pra poder o pessoal subir lá pra cima.
Marco: Tô ligado.
Jefferson: Amanhã vou estar entrando em contato com você, pra conversar diretamente com o pessoal.
Falei: Eu não tenho, mas tenho pessoas que trabalha já na área com isso há muito tempo e tem experiência disso.
Marco: Limpinho.
Jefferson: Você vai passar, vai levar R$ 1 mil só pra indicar duas pessoas.

 

Enquanto isso, oposição ataca convocação

A possibilidade de convocação do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, para depor na CPI do caso Cachoeira, foi duramente atacada por senadores da oposição e da base aliada. Em um plenário quase vazio, como é comum nas sextas-feiras, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB), Pedro Simon (PMDB) e Rodrigo Rollemberg (PSB) criticaram o PT por tentar forçar a convocação do procurador e acusaram o partido de tentar desviar o foco da CPI. "Trata-se de uma manobra para desviar as atenções do foco principal da CPI e em relação ao julgamento do mensalão, que se aproxima", disse Nunes. O presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), disse que a comissão deve votar na quinta-feira, dia 17, um pedido para convocar Gurgel.


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