Brasília – Apontado como o governador mais enrolado com as denúncias que estão sendo apuradas pela CPI do Cachoeira, Marconi Perillo (PSDB), de Goiás, é nome certo na lista de doações da principal empresa que pertence à holding J&F, que acaba de assumir as operações da Delta Construções. Em 2010, o JBS, frigorífico do grupo J&F, desembolsou R$ 3 milhões para a campanha do então candidato ao governo estadual goiano. Quatro anos antes, quando disputava uma vaga para o Senado, Perillo recebeu R$ 150 mil em doações da JBS.
De acordo com a investigação da Polícia Federal, a construtora realizou diversos depósitos para empresas de fachada ligadas ao contraventor. Ainda segundo a PF, o contraventor, que está preso, mantém estreitas ligações com Perillo. Nas gravações feitas com autorização da Justiça, a PF constatou que ambos mantinham contato frequente. Além disso, um assessor de Perillo é acusado de ter recebido R$ 500 mil da quadrilha de Cachoeira.
Além de defenderem o comparecimento imediato de Perillo à CPI, parlamentares que integram a comissão criticaram duramente a realização do negócio firmado entre a Delta e a controladora do JBS, que tem como um de seus principais acionistas o BNDES, com 31% de participação no frigorífico. "Tudo indica que há relação entre esses dois fatos: o de a empresa, que tem dinheiro público envolvido, ter bancado a campanha de Perillo e, agora, ter comprado a Delta. A ida de Perillo à comissão nunca foi tão urgente", cobra o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP).
Em nota divulgada pela assessoria de imprensa, o governador Marconi Perillo alegou que não há ilegalidades nas doações e que, à época da contribuição, o JBS não tinha qualquer vínculo com a construtora Delta.