Em conversas nos últimos dois dias, os petistas avaliaram que, depois de frases tão contundentes pedindo explicações do procurador, o partido não pode simplesmente deixar para lá o fato de Gurgel estar desde 2009 com essa investigação sobre Cachoeira e Demóstenes Torres em aberto. E, ao pedir as respostas por escrito, o partido acredita que fica no meio-termo. Nem deixa parecer que está numa vingança por conta do mensalão nem dá a impressão de que tem medo do Ministério Público.
O próprio Gurgel, que há mais de uma semana fez chegar aos deputados e senadores declarações sobre não dever explicações à CPI, acenou na semana passada que aceitava apresentar suas razões por escrito, conforme o Estado de Minas publicou na quarta-feira.
Prazos Esse ensaio de um acordo de cavalheiros entre os petistas e o Ministério Público Federal, entretanto, não acaba com a intenção do PT de impor alguns limites aos procuradores no que se refere a prazos para as investigações. “Esse confronto com o Ministério Público não é o centro da CPI e a demora na investigação são águas passadas, não estamos aqui para investigar isso. Mas é preciso ver como é que se trata inquéritos que nem são arquivados e também não prosseguem. Esse caso ficou na mão dele sem providências. Temos que ter uma lei que fixe prazos e será papel da CPI propor essa legislação”, diz o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), que apresentará essa sugestão na reunião de amanhã a seus colegas de partido.
Esse assunto, entretanto, não é ponto pacífico entre os parlamentares e deve ficar mesmo para depois da CPI. Por enquanto, os defensores do trabalho de Gurgel, caso do deputado Miro Texeira (PDT-RJ), querem que a CPI volte ao foco das investigações. “Acho muito bom o PT afastar essa má impressão que estava ficando do partido, porque parecia que ele estava tentando tirar o verdadeiro foco da CPI, especialmente depois que a investigação bateu na Delta. Eu particularmente não tenho nada a perguntar ao procurador, não acho útil fazer perguntas nem por escrito a ele”, afirmou o pedetista.
Miro diz ter lido toda a documentação. “A história se explica por si mesma. Não havia elementos para oferecer denúncia contra os que têm foro especial com prerrogativa de função. Essa investigação envolve 80 pessoas. E na procuradoria só foi parar um conjunto de encontros fortuitos envolvendo pessoas com foro. E os outros? Isso não dependia do procurador, dependia de provas ou de circunstâncias que indicassem a possibilidade da prática de crime”, comentou o deputado.