Diante da possibilidade de a aliança com o PSB e PT para a Prefeitura de Belo Horizonte não vingar, o PSDB já traçou um plano B que pode se tornar mais um instrumento de pressão nas articulações políticas: uma ala histórica do partido quer lançar a candidatura de Pimenta da Veiga (PSDB). Prefeito da capital na década de 1980 e ministro das Comunicações do governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), o tucano é visto como um nome que poderá unificar a legenda e com histórico suficiente para evitar a reeleição de Marcio Lacerda (PSB).
“O PSDB é um partido campeão nas últimas eleições com a vitória do Anastasia (Antonio, governador), do Aécio e do Itamar (Franco) para o Senado. Se vamos abrir mão de uma candidatura própria, temos que ter alguma compensação. Apresentamos nossos pedidos há mais de dois meses e até agora não tivemos nenhuma resposta do PSB”, afirmou um cacique da legenda. A condução do processo eleitoral pelo presidente estadual do PSB, Walfrido Mares Guia, tem sido muito criticada pelos tucanos. “As suas atitudes estão contaminadas pela relação dele com setores do PT”, ponderou o tucano.
A articulação em torno de Pimenta da Veiga reforça as declarações de Marcio Lacerda anteontem, quando admitiu a possibilidade de rompimento da parceria com tucanos e petistas e disse que não quer ser responsabilizado por isso. A briga em torno do vice passa por 2014: a expectativa é de que Lacerda, se reeleito, deixe o cargo para disputar o Palácio da Liberdade. Assume o comando de Belo Horizonte o vice-prefeito, candidato em potencial à reeleição em 2016.
Bases
A insatisfação dos tucanos vai na contramão do encontro realizado em Brasília, no ano passado, quando o presidente nacional do PSB e governador de Pernambuco, Eduardo Campos, convidou formalmente o PSDB a integrar a aliança em torno da reeleição de Marcio Lacerda. No entanto, segundo os mineiros, até agora não foi acertado nada com a legenda. “Os entendimentos têm de ser feitos com as bases do partido”, reclamou.
No caso de indicação para vice-prefeito, os tucanos já haviam apresentado os nomes do presidente municipal da legenda, João Leite, e do deputado federal Danilo de Castro. Já o PT tem nove indicados para a cadeira, o nome mais recente é o do ex-ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e ex-prefeito de Belo Horizonte Patrus Ananias – e na semana passada os petistas anunciaram que só decidirão o assunto depois da garantia da aliança com o PSB na chapa proporcional.
Trajetória
João Pimenta da Veiga Filho nasceu em 2 de julho de 1947 e é advogado. Ingressou na vida pública em 1978, quando foi eleito deputado federal. Em 1988, deixou a cadeira na Câmara dos Deputados para assumir a Prefeitura de Belo Horizonte. Em 1990 renunciou ao mandato para concorrer ao Palácio da Liberdade – sendo derrotado por Hélio Garcia. Nos dois pleitos seguintes (1994 e 1998) elegeu-se deputado federal. Mas não cumpriu o segundo mandato para comandar o Ministério das Comunicações – sucedendo o então ministro, Sérgio Motta, morto em 1998. Ele ficou no ministério até 2002. No ano seguinte, teve início o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT).