A 15ª Marcha dos Prefeitos terá menos soldados em campo. O encontro, que começa nesta terça-feira em Brasília e termina quinta-feira, terá 10% menos participantes que no ano passado, conforme estimativa do presidente da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), Paulo Ziukosky. O motivo, segundo ele, é a proximidade do fim de mandato para muitos prefeitos, que não podem se reeleger por já estarem em segundo mandato. “Muitos já estão desestimulados”, argumenta Ziukosky.
A marcha a Brasília é usada já tradicionalmente pelos municípios para pressionar os governos estadual e federal, sobretudo por políticas que aumentem os recursos para as prefeituras. Este ano, um dos temas do movimento será a distribuição dos royalties do petróleo, concentrados nos estados e cidades produtoras. Para a CNM, todos os municípios deveriam participar da distribuição dos recursos.
O prefeito de Ponte Nova, na Zona da Mata, João Carvalho (PTB), diferentemente de anos anteriores, não comparecerá à marcha. Encerrando o primeiro mandato, o petebista não vai se candidatar novamente. O motivo para não comparecer à capital federal, no entanto, não é o de fim de governo, conforme alegado pelo presidente da CNM. “A ida aos gabinetes e ministérios dá mais resultado que participar da marcha”, argumenta. “Por lá, se não houver relacionamento, não se consegue nada”, acrescenta.
A prefeita de Piraúba, na Zona da Mata, a médica Maria Aparecida Roberto Ferreira (PT), também não vai. “Tenho muito serviço na cidade. Além disso, continuo exercendo minha profissão”, diz. Da mesma forma que Carvalho, a petista acredita que a conversa diretamente nos ministérios e no Congresso surte mais efeito que a pressão das marchas.
Posição contrária tem o prefeito de São Gonçalo do Rio Preto, Rodolfo Rocha (PSDB). “Vou a todas as marchas em Brasília. É bom lembrar que com a pressão dos prefeitos nas idas à capital federal conseguimos aumentar de 22,5% para 23,5% o percentual do Fundo de Participação dos Municípios (FPM)”, lembra. Rocha parte nesta terça-feira de Belo Horizonte para Brasília de avião com a mulher, Elizabeth de Paiva Rocha, secretária municipal de Educação. O casal, conforme o prefeito, vai gastar cerca de R$ 1,5 mil entre passagens e hospedagens. Tudo pago pela prefeitura. “Compramos os bilhetes do avião antes, em promoção”, diz Rodolfo.
Wanderley Vieira de Souza (PT), prefeito de São Félix de Minas, no Vale do Rio Doce, também acredita na pressão da marcha. “E a questão não são exclusivamente as obras, mas mudar a distribuição de recursos, fazendo chegar mais dinheiro às prefeituras”, diz.