O adiamento do depoimento do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) criada para apurar as relações dele com políticos não atrapalha o andamento das investigações. Essa é a opinião do líder do governo no Senado Federal, Eduardo Braga (PMDB-AM). "Ao contrário de outras CPIs, esse (o depoimento de Cachoeira) não é o início das investigações, e sim o término. Não acredito em fatos novos no caminho", afirmou. "Além disso, não acredito que ele fosse dizer alguma coisa hoje."
Em evento empresarial na capital paulista para debater o tema da sustentabilidade, Braga afirmou que o adiamento provocado pela liminar não constitui uma interferência do Poder Judiciário no Legislativo. "O Estado dá amplo direito de defesa. Se, na visão dos advogados, não há conhecimento das provas, é legítimo (o adiamento), mas cabe recurso à advocacia do Senado", disse.
Governadores
O líder do governo no Senado mostrou-se contrário à convocação dos dois governadores envolvidos nas investigações da Polícia Federal - Agnelo Queiroz (PT-DF) e Marconi Perillo (PSDB-GO) - e do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB-RJ), político ligado ao ex-presidente do Conselho de Administração da empreiteira Delta Fernando Cavendish.
De acordo com Braga, são necessários fatos mais "específicos" para justificar essas convocações. "Caso contrário, há os foros estaduais e o STJ (Superior Tribunal de Justiça) para julgá-los" afirmou. Para Braga, Sérgio Cabral, do seu partido, é quem menos deve explicações. "Há apenas fotos em Paris. É preciso um caso específico e concreto", disse, referindo às fotos do governador e de secretários estaduais fluminenses em comemorações ao lado de Cavendish na capita francesa.
O líder do governo disse ser contrário também à convocação do procurador-geral da República, Roberto Gurgel. "Os ministros (do STF) já se manifestaram contra a convocação dele. A não ser que haja algo extremamente relevante, seria complicado para Gurgel depor por ele ser denunciante (no caso do mensalão)", afirmou.