Com folgada maioria na CPI, a base operou para livrar da convocação, por ora, Cavendish. O contraventor Carlinhos Cachoeira é suspeito de ser sócio oculto da Delta, mas os governistas conseguiram circunscrever a apuração contra a empreiteira à atuação de Cláudio Abreu, ex-diretor da região Centro-Oeste. "A convocação de Fernando Cavendish é urgente, indispensável e insubstituível", cobrou, em vão, o líder do PSDB no Senado, o paranaense Alvaro Dias.
O relator disse na sessão que a convocação do ex-presidente da Delta e dos governadores serão analisadas em "outro momento". É possível que esses pedidos sejam votados no dia 5 de junho. Petistas, peemedebistas e tucanos não fizeram, cada um, maiores esforços durante a sessão para convocar os governadores dos outros partidos. Alvaro Dias, por exemplo, chegou a sugerir o depoimento dos três governadores, inclusive do tucano Marconi Perillo. Mas seu pedido não encontrou eco nas bancadas dos três partidos.
As maiores cobranças ficaram por conta dos senadores Pedro Taques (PDT-MT), Kátia Abreu (PSD-TO) e Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), que representam partidos com o menor número de integrantes na CPI. "Na minha opinião, esses são os bagrinhos da história. Os importantes mesmo estão de fora", criticou Kátia Abreu, referindo-se aos governadores e a Cavendish.
Da lista de convocados, o mais destacado é o ex-chefe de gabinete do governador do Distrito Federal Cláudio Monteiro, suspeito de ter negociado propina para favorecer a Delta em contratos na capital. A comissão ainda convocou pessoas do círculo familiar do contraventor, como a ex-mulher Andréa Aprígio, o ex-cunhado Adriano Aprígio, o sobrinho Leonardo Almeida Ramos, seu pai Sebastião de Almeida Ramos, e o irmão Marcos de Almeida Ramos.
Sigilos
Em outra frente, a comissão também poupou Cavendish e os governadores da quebra de sigilos. A CPI determinou a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico do ex-diretor da Delta Construções Cláudio Abreu e dos principais auxiliares do contraventor Carlinhos Cachoeira: Idalberto Matias de Araújo, o Dadá, Gleyb Ferreira e Geovani Pereira da Silva. O ex-vereador de Goiânia Wladimir Garcez (PSDB) terá apenas o sigilo telefônico quebrado.
Segundo o presidente da CPI Mista, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), a comissão determinou nesta sexta a quebra de 36 sigilos bancário, fiscal e telefônicos.