O presidente do PSDB, deputado federal Sérgio Guerra (PE), afirmou nesta quinta que a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) criada para investigar a atuação do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, "não tem a menor chance de avançar" porque as "ramificações" do bicheiro "apontam na direção de Brasília". O tucano negou que haja acordo para poupar políticos. Mas avaliou que o envolvimento de integrantes de várias legendas com Cachoeira emperra as investigações e que o governo só apoiou a criação da CPI "para evitar que o foco fique onde deve ficar, que é o julgamento do mensalão".
"Não estou acusando partidos, mas não vejo muita gente interessada em levar isso (CPI) adiante. Porque atinge governos de vários partidos. O Executivo no plural - o governo federal também - e governos estaduais não querem deixar ir adiante. Não é porque não tem coisa por trás. É porque tem", disparou Guerra, que não vê "vontade política, orientação, processo, método para levar isso adiante com vistas a um resultado".
Mas o presidente do PSDB fez questão de repetir que considera as acusações a Perillo um "ataque especulativo" contra o partido. Em almoço com empresários mineiros em Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte, ele foi categórico em afirmar que "nada vai ter de relevante contra o governador de Goiás". Para Guerra, ainda é preciso verificar o que "é fato" nas conversas de Cachoeira gravadas pela Polícia Federal. Mas ele salientou que, apesar de o contraventor ter "muitas pessoas conhecidas" e "muita influência", Cachoeira é "provinciano" e "muito menor do que se diz".
Comissão de Ética
Apesar de afirmar ser favorável às investigações das ramificações de Carlinhos Cachoeira, Sérgio Guerra minimizou o envolvimento de tucanos com o contraventor. Ele adiantou que o partido descarta submeter Perillo à Comissão de Ética. No caso do senador Aécio Neves (PSDB-MG), que indicou uma prima de Cachoeira para o governo mineiro a pedido do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), Guerra classificou como "uma forma de querer botar o nome de uma pessoa que não tem nada a ver no problema". Já com relação ao deputado federal Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO), que do plenário da Câmara deu parabéns a Cachoeira, Guerra disse que o caso "é diferente", mas lembrou que o parlamentar "não tem responsabilidade administrativa".
"É acusado de ter relação de amizade com o Cachoeira. Tem que ser examinado se essas relações são convenientes ou inconvenientes", avaliou. "Mas desde logo quero dizer que não há nada que envolva o Leréia em irregularidades. Se os argumentos (do deputado) não forem os que precisamos ouvir, que a sociedade precisa confiar, efetivamente o conselho de ética no partido será instaurado.