Brasília – A presidente Dilma Rousseff anunciou ontem que doará ao grupo Tortura Nunca Mais a indenização que receberá do estado do Rio de Janeiro. O pagamento, de aproximadamente R$ 20 mil por pessoa, será distribuído aos 245 presos políticos – ou seus familiares – no estado durante a ditadura, incluindo a presidente. O Tortura Nunca Mais é formado por ex-presos políticos e luta pelo resgate da memória histórica do período.
O requerimento da indenização foi feito por Dilma em 2004. Além do Rio de Janeiro, a presidente acionou os estados de Minas Gerais e São Paulo, onde também foi interrogada e julgada. A presidente participou da luta armada contra o regime de exceção pelo grupo VAR-Palmares, e chegou a ser presa e torturada.
Além de Dilma, as 244 pessoas que serão indenizadas receberão um pedido formal de desculpas do Estado em 4 de junho. Na cerimônia, que acontecerá no estádio Caio Martins, em Niterói, onde os militares torturavam presos políticos, será entregue uma carta com pedidos de desculpas às vítimas e às respectivas famílias. Desde 2001, quando o Rio de Janeiro aprovou a lei estadual de reparação, já foram indenizadas 650 vítimas.
Ontem, Dilma visitou o arcebispo emérito de São Paulo, dom Paulo Evaristo Arns, em Taboão da Serra (SP). Dom Paulo foi o criador da Comissão Justiça e Paz para defender presos políticos e foi um dos coordenadores, na década de 1980, do projeto Brasil Nunca Mais, que coletou documentos sobre a repressão durante a ditadura militar.