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Estado de Minas

CPMI quer ouvir Cachoeira e quadrilha esta semana

Relator do caso no Supremo decide hoje se o bicheiro vai comparecer


postado em 21/05/2012 06:50 / atualizado em 21/05/2012 08:25

A comissão parlamentar de inquérito (CPI) mista que investiga o empresário de jogos de azar, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, deve ouvir nesta semana sete pessoas envolvidas no esquema. Entre os depoentes convocados está o próprio bicheiro, que pode não comparecer à CPI amanhã. Seu advogado, Márcio Thomaz Bastos, entrou com um pedido no Supremo Tribunal Federal (STF) para que ele só compareça à comissão nas próximas três semanas. Além de Cachoeira, serão ouvidos seus principais assessores, incluindo o ex-sargento da Aeronáutica Idalberto Matias de Araújo, o Dadá, considerado o responsável pela espionagem do grupo.

Preso no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, desde 18 de abril, Cachoeira já teve a seu favor uma liminar do Supremo para adiar o depoimento – remarcado para amanhã. Na semana passada, o advogado dele pediu ao relator do caso, o ministro Celso de Mello, que mantivesse o recurso. Ao mesmo tempo, Thomaz Bastos pediu à CPI que adiasse o interrogatório, alegando que precisa de mais tempo para preparar a defesa. Segundo o defensor, isso iria colaborar com os trabalhos da comissão e atenderia os interesses de seu cliente. A decisão de Celso de Mello será tomada hoje.

Para a quinta-feira estão marcados os depoimentos de Dadá, Lenine Araújo de Souza, Jairo Martins de Souza, José Olímpio de Queiroga Neto, Gleyb Ferreira da Cruz e Vladmir Henrique Garcez. Todos eles fazem parte da organização criminosa, segundo relatórios da Operação Monte Carlo, desencadeada em 29 de fevereiro pela Polícia Federal. Dadá e Jairo atuavam na área de espionagem. O ex-sargento também tinha a função de recrutar policiais civis, militares e federais para atuarem com o grupo, fornecendo informações sobre operações contra caça-níqueis, principal área de Cachoeira.

Lenine foi apontado pela PF como o gerente e contador de Cachoeira, mesma função desempenhada por Olímpio Queiroga no entorno de Brasília. Além disso, ele seria o responsável pelo pagamento de propinas. O ex-vereador de Goiânia Wladmir Garcez era a ponte entre o bicheiro e servidores públicos, e Gleyb Ferreira da Cruz seria laranja e um de seus principais assessores. Todas as seis pessoas arroladas pela CPI são citadas e participam de conversas gravadas pela Polícia Federal com autorização judicial.

Procurador-geral


A comissão deve receber nesta semana as respostas do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, dos questionamentos feitos pelos parlamentares na quinta-feira. Em um primeiro momento, deputados e senadores queriam a convocação de Gurgel, mas limitaram-se a enviar duas perguntas a ele: em que data e circunstâncias chegaram à Procuradoria Geral os inquéritos das Operações Vegas e Monte Carlo e quais foram as providências adotadas por ele. A decisão de não convocar o procurador foi tomada após um acordo feito entre os parlamentares, que não votaram também requerimentos para convocar governadores.

Gurgel passou a ser questionado a partir do momento em que o delegado Matheus Mella Rodrigues disse, em depoimento à CPI, que a Operação Monte Carlo foi desencadeada para acabar com caças-níqueis em Valparaíso de Goiás, motivada pela Operação Vegas – que teve a mesma finalidade –, realizada em 2009, cujo processo estava parado na PGR.

Agonia política


Desde que foi envolvido no escândalo Carlos Cachoeira, o senador Demóstenes Torres perdeu o posto de líder, o partido e 11 cargos que mantinha na liderança da minoria do Senado e no gabinete da liderança do DEM. Aos poucos, o parlamentar ainda assiste à desidratação de seu gabinete em Brasília. Em fevereiro, antes de ser flagrado prestando pequenos favores ao contraventor, o gabinete de Demóstenes tinha 23 funcionários, e o escritório de apoio em Goiânia 26. Os funcionários antecipam a possibilidade de o senador perder o mandato e buscam outros empregos. O gabinete, que há dois meses tinha 23, pessoas agora tem 13, de acordo com relatório de pessoal da página de transparência do Senado. Na tarde de quinta-feira, a reportagem encontrou apenas seis dos 26 funcionários do escritório de Goiânia, que funciona em um imóvel sem identificação. A placa de quatro metros quadrados com o nome e o rosto do senador, que antes ficava na fachada, agora está jogada nos fundos do imóvel, suja e pichada. Há uma semana, segundo um funcionário do escritório, a placa foi depredada, mas não há previsão de quando um novo cartaz será afixado.

 


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