Não é só na CPI do Cachoeira no Congresso Nacional que o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, está sendo "blindado" pela base aliada. Na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), o quadro é o mesmo: o parlamento estadual sequer votou um pedido de abertura de CPI, protocolado em 2 de maio, para analisar todos os contratos celebrados entre a Delta Construções e o governo do Estado desde 2000.
Enquanto a Alerj não vota o projeto de resolução, o parlamentar iniciou coleta de assinaturas pedindo a abertura da comissão. Neste caso, são necessárias 24 assinaturas, mas até o momento apenas 14 deputados aderiram - nenhum deles do PT, cuja bancada tem seis parlamentares. "O PT tem dois secretários no governo e precisa agir com responsabilidade. A decisão da maioria da bancada foi não assinar a CPI porque até agora não apareceu nada de ilegal entre a Delta e o governo. Você pode até dizer outras coisas em relação àquelas fotos de festas e restaurantes (em Paris), mas ilegal não é. Se aparecer qualquer indício de irregularidade, o PT será o primeiro a pedir abertura de CPI", explicou o André Ceciliano, líder do partido na Alerj.
Presidente da Casa, Paulo Melo (PMDB) tem a mesma justificativa. "Não existem elementos para uma CPI. Se surgir alguma suspeita de irregularidade entre a empresa e o poder público, aí sim vamos investigar. Relação pessoal não é motivo para abertura de investigação no Parlamento". Questionado se o ideal seria colocar o projeto de resolução em votação no plenário para a maioria dos deputados decidir se abre ou não a CPI, Melo foi enfático: "Quem decide a pauta da Assembleia é o presidente. Pressão eleitoral ou midiática não vai influenciar a minha decisão".