Se depender da agenda da presidente nos últimos dias, a probabilidade de modificações em favor dos ambientalistas é grande. A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, foi recebida por Dilma oito vezes desde o dia 7, quando o projeto chegou ao Planalto para ser apreciado. Nesse período, a presidente alterou sua agenda pelo menos três vezes para encontrá-la e houve reunião até no sábado, dia 19, quando Izabella foi recebida no Palácio da Alvorada. Por três dias, a presidente esteve fora de Brasília: dia 11 em Betim, 18 em São Paulo e 21 em Florianópolis. Já o ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro, não esteve com ela.
Na segunda-feira, o ex-ministro do Meio Ambiente Carlos Minc, atual secretário estadual de Ambiente do Rio de Janeiro, declarou que Dilma iria vetar de 12 a 14 artigos do projeto. No mesmo dia, a ministra Ideli Salvatti reafirmou que a presidente iria vetar parte do texto.
Defesa O relator do projeto na Câmara, deputado federal Paulo Piau (PMDB-MG), admite que deve haver vetos: “Tudo indica que sim”, diz. Mas argumenta que Dilma não precisa vetar nada, e justifica: “falo isso não porque sou o relator, mas porque o projeto está muito equilibrado”. Em defesa de seu trabalho, Piau também perguntou qual opinião deveria ser levada em conta pela presidente: “Um pedido da Camila Pitanga ou um pedido do Paulo Ziulkoski, presidente da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), dizendo que 4 mil cidades brasileiras dependem da agropecuária?”
O deputado mineiro aponta o Artigo 61 do Código Florestal como o mais polêmico, e acredita que Dilma poderá vetá-lo inteiramente ou cortar alguns tópicos dele. O texto versa sobre as Áreas de Preservação Permanente (APPs) – margens de rios ou topos de morros, por exemplo – e a faixa de espaço que deve ser preservada próxima a esses locais. Piau também argumenta que Dilma não pode vetar o projeto inteiro e mandar uma Medida Provisória para substituí-lo pois isso seria, na opinião dele, inconstitucional. “Não se pode tratar de uma matéria vencida no mesmo período legislativo”, pondera.
Já o coordenador da campanha de florestas do Greenpeace, Márcio Astrini, defende o veto total ao texto. “Era melhor retirar tudo e começar do zero”, avalia. Ele lembrou que Dilma prometeu vetar o projeto no ano passado e reclamou que o código não é florestal: “Ele não tem artigos que combatam o desmatamento”. Astini argumentou que o pedido de veto total não seria para encerrar o assunto ou marcar uma vitoria, mas para que um outro Código Florestal mais conciso fosse feito. (Com agências)