Brasília – Escanteado entre seus pares, o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) vive uma semana decisiva no Congresso. Depois de quase três meses de silêncio, estão marcados dois depoimentos do parlamentar, um no Conselho de Ética e outro na CPI, que podem ou revelar detalhes do esquema capitaneado por Carlinhos Cachoeira ou frustar as expectativas, como outros na semana passada. No Conselho de Ética, está em jogo o mandato do senador, que se pronunciou pela última vez em 6 de março.
O primeiro depoimento será no Conselho de Ética do Senado, amanhã de manhã. De acordo com a defesa de Demóstenes, nos primeiros 20 minutos da sessão ele fará um relato de sua vida pública. A ideia é rebater os pontos expostos na representação que resultou no processo. O senador, segundo seus defensores, acredita que precisa dar satisfação a seus pares no Senado e está disposto a responder a todas as perguntas. Seu comportamento na CPI, no entanto, ainda não está definido. A defesa prefere esperar os efeitos do primeiro depoimento, mas adianta que, para Demóstenes, falar aos colegas senadores é mais importante que a oitiva da CPI, em que ele não é o principal foco.
Integrantes do colegiado antecipam um clima pesado para o senador, que tem sido evitado pelos colegas. "Existe uma total decepção com a relação à conduta do Demóstenes no âmbito do Senado. Noto que há um ambiente muito crítico em relação a ele", disse um parlamentar. Mas os senadores evitam antecipar se o processo resultará em cassação.
O senador Ciro Nogueira (PP-PI) acredita que Demóstenes não deve se recusar a responder aos questionamentos. "Ele é um homem experiente e com certeza virá com muitos argumentos", comenta. Nogueira destaca que o "grande dilema" que deve ser confrontado é saber até onde o mandato do senador de Goiás estava a serviço de Cachoeira. "Eu vou totalmente desarmado, evitando fazer um juízo de valor prévio”.