Jornal Estado de Minas

Quebra de sigilo da Delta provoca crise entre PMDB e PT

AgĂȘncia Estado
A aprovação do requerimento de quebra de sigilo da empresa Delta Construções provocou uma crise entre o PT e o PMDB na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Cachoeira e ameaça a parceria entre os dois partidos na comissão. O atrito deixa a CPI sem unidade política na base. Nessas primeiras horas após a aprovação do requerimento, deputados do PMDB acusam os senadores do PT de romperem o acordo de evitar a quebra de sigilo da Delta. Desde a segunda-feira à noite, os líderes dos dois partidos na Câmara articulavam uma operação entre os integrantes aliados da CPI para derrotar o requerimento.
"Não vamos mais nos preocupar com o PT. Será cada um por si e Deus por todos", resumiu um peemedebista, mantendo o anonimato. Parlamentares consideram que haverá revanche do PMDB contra o PT na comissão. Deputados do PMDB afirmam que, a partir de agora, a comissão se transformará em uma CPI das empreiteiras, porque a Delta forma consórcio com outras empresas em diversas obras pelo País. Essas outras empresas e fornecedores também terão suas contas abertas.

O líder do PMDB na Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (RN), foi ameno e evitou críticas ao PT. Ele atribuiu a aprovação do requerimento à falta de acordo entre todos os partidos na comissão para que a quebra de sigilo da empresa se limitasse às operações do Centro-Oeste, como já havia sido aprovado. "Já que não houve acordo, abriu tudo", disse Eduardo Alves. "Essa decisão (de não aprovar a quebra de sigilo ampla) só poderia ser tomada por consenso", continuou.

Sem acordo e sem os 17 votos para derrubar o requerimento, mesmo os integrantes contrários à quebra de sigilo da empresa votaram a favor, para evitar serem expostos politicamente como protetores da Delta. "Não houve acordo e o melhor era não expor ninguém para não parecer uma disputa entre o governo e a oposição", argumentou o líder peemedebista.

O único voto contra o requerimento de quebra de sigilo foi do deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP). Ele justificou a posição afirmando que mantinha a coerência. Há duas semanas, Vaccarezza foi flagrado mandando um torpedo de seu celular, durante a reunião da CPI, para o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB). Na mensagem, o petista mostrava que o governador seria protegido na comissão.

Fontes parlamentares consideram que a quebra do sigilo da empreiteira atingirá, inevitavelmente, o governador Cabral, que mantém estreitas ligações com o sócio da Delta Fernando Cavendish. A empresa tem negócios com o governo do Rio de Janeiro.