Brasília - Por motivos diferentes, a convocação dos governadores de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), para depor na Comissão Parlamentar de Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira acabou sendo bem recebida tanto pela liderança do PSDB quanto pelo relator da comissão, que é do PT.
O líder do PSDB na Câmara, deputado Bruno Araújo (PE), disse que o partido estava satisfeito por ter conseguido atingir o objetivo de convocar o governador petista nos mesmo moldes da convocação de Marconi Perillo. "Nós temos uma grande diferença. O governador do PSDB tomou a iniciativa, veio ao Congresso, disse que quer falar, exigiu a sua convocação. O outro [Agnelo], que foi tomado de surpresa, que não imaginava vir a esse ambiente da CPI. O PSDB está absolutamente satisfeito", disse o líder.
Odair Cunha avisou que todos que prestarem depoimento agora, enquanto os trabalhos ainda se iniciam, podem ser reconvocados. E reconheceu que há indícios de envolvimento dos governadores citados com o empresário goiano Carlos Augusto ramos, o Carlinhos Cachoeira, suspeito de comandar uma rede de tráfico de influência de jogos ilegais.
"Há indícios mais contundentes no que diz respeito aos dois governadores [Perillo e Agnelo]. É claro que há níveis diferentes de envolvimento com a organização criminosa [de Cahoeira]. [No caso do] governador Marconi Perillo, é muito mais evidente o seu envolvimento. [No caso do] governador Agnelo Queiroz, [é] menos evidente. É claro que a vinda deles vai ser a oportunidade de darem as explicações necessárias", disse o relator.
Perillo foi convocado com votação unânime. Nessa terça-feira, ele já havia informado à CPMI que gostaria de prestar depoimento. A convocação de Agnelo, por sua vez, foi aprovada por 16 votos favoráveis e 12 votos contrários. Já o pedido de convocação do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), foi rejeitado pelo plenário da CPMI.
O relator disse que não há, por enquanto, indícios da ligação de Cabral com esquema investigado pela CPMI. Mas ressalvou que a convocação do governador fluminense pode ser reavaliada. "Não há indicio de envolvimento do governador Cabral com o senhor Carlos Cachoeira, com a organização criminosa. É claro que eu falo a partir da realidade de provas que nós temos neste momento. O governador Cabral ou qualquer outra pessoa pode comparecer à CPMI quando nós acharmos adequado e necessário", disse Cunha.