A blindagem do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), na CPI do Cachoeira enfrenta resistências internas de deputados que não querem arcar com o desgaste político da operação. O deputado Artur Maia (PMDB-BA) enviou ofício ao líder do partido na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), cobrando explicações e a confirmação da existência da operação que já produziu os primeiros resultados, evitando a convocação de Cabral.
A cúpula do PMDB não se preocupou em colocar uma tropa de choque em defesa de Cabral na CPI, mas foi uma questão estratégica e não de abandono do governador fluminense. Um dirigente do partido explica que a intenção foi jogar sobre o PT a responsabilidade de não complicar a vida de Cabral, uma vez que a CPI tinha sido uma "invenção" do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que é amigo pessoal do governador peemedebista.
Henrique Eduardo não polemizou com Maia. Disse apenas que não tinha como convocar a bancada para discutir polêmicas lançadas a toda hora pela imprensa, a menos que mantivesse uma convocação permanente, 24 horas no ar. Maia respondeu com ironia. "Manter uma bancada convocada 24 horas não é preciso. A mim bastaria que ele reunisse os liderados por uma hora a cada 24 dias", disse o parlamentar, destacando que a última reunião da qual se recorda deve ter ocorrido há cerca de cinco meses.