Flávia Mourão assumiu em abril do ano passado o comando da regional, depois que o titular, João Batista Viana, deixou o cargo para se dedicar a uma possível candidatura a vereador. Como o PT não se entendia sobre quem indicar para substituir Viana, uma vez que a Região de Venda Nova é alvo de disputa dentro do próprio PT, Marcio Lacerda decidiu nomear Flávia Mourão para o cargo. Agora, novamente, ela pode ser o curinga do prefeito para resolver outro impasse dentro do PT, bem mais complicado do que no caso de quem seria o titular da Administração Regional de Venda Nova.
Antes de assumir a pasta ela foi gerente de Planejamento Metropolitano e secretária municipal adjunta de Meio Ambiente e Regulação Urbana já na gestão de Lacerda. Formada em engenharia civil pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e pós graduada em engenharia sanitária e ambiental, ela é funcionária da prefeitura desde 1984. Também ocupou postos de comando durante a gestão do ex-prefeito Fernando Pimentel (PT), hoje ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
“Flávia Mourão seria um bom nome. Ela é uma técnica muito competente, trabalha na prefeitura há muito tempo e o prefeito gosta muito de seu trabalho. Nunca disputou nada, não tem pretensões eleitorais e não vai ficar tentando minar Lacerda para virar prefeita como aconteceu”, comenta um integrante do PSB, se referindo ao vice-prefeito Roberto Carvalho, que rompeu com Lacerda logo no início do governo e liderou o grupo que pregava a candidatura própria do PT. O nome da secretária de Venda Nova também contaria com o apoio de Pimentel, defensor da reedição da aliança com Lacerda.
Saída do cargo antes da decisão
Caso queira mesmo disputar, Fávia Mourão terá de deixar o cargo no dia 7, prazo máximo para que secretários e dirigentes de empresas públicas deixem seus postos para concorrer a cargos majoritários. Três dias depois está marcado o encontro do PT que vai escolher o candidato a vice. O problema é que dos nomes que surgiram até o momento (veja quadro) nenhum deles é consenso dentro da legenda.
A vereadora Neusinha Santos (PT) diz que não paira nenhuma dúvida sobre a competência técnica da preferida do prefeito. Mas, segundo ela, política tem vez e a vez agora é de outros filiados do partido, que estão há muito mais tempo na militância. Roberto Carvalho também elogiou o perfil da secretária, mas disse que ela terá dificuldade para obter o apoio da militância. “O PT é um partido que não tem dono. E o PSB não tem poder para escolher quem o partido vai indicar.”
Apesar da resistência de Carvalho, o PT já articula para que os outros nomes colocados desistam da disputa o que pode facilitar a escolha de Flávia Mourão. Um dirigente petista ouvido pela reportagem reclamou do nome de Flávia Mourão sob a alegação de que, apesar de ser filiada ao partido, a secretária não representa nenhum grupo dentro do PT. “A escolha dele é uma opção burocrática. Ela não representa ninguém dentro do PT”, reclama. Talvez esse seja o principal trunfo de Flávia.