Jornal Estado de Minas

No Ratinho, Lula evita polêmica com Mendes mas diz que não deixará tucano ser presidente

O ex-presidente evitou comentar o encontro com o ministro do Supremo e a possível pressão para adiar o julgamento do caso mensalão

Marcelo Ernesto - Enviado especial a Curitiba
Com a voz bastante rouca, após falar mais do que os “14 minutos combinados” durante palestra nessa quarta-feira, o presidente Lula foi recebido no “Programa do Ratinho”, do SBT, em São Paulo, para “uma conversa de amigos”.“Hoje estou com a garganta estourada”, brincou. Lula contou como foi o período que se tratou contra o câncer na laringe, detectado no final do ano passado, após o ex-presidente se queixar de fortes dores na garganta. À vontade e garantindo que está de volta a política, o petista lembrou como foi para se acostumar depois de oito anos como presidente. Já sobre a possibilidade de retorno ao cargo em 2014, ele afirmou que não pretende se candidatar, mas garantiu que não vai deixar nenhum “tucano ser presidente do Brasil”. Sobre a polêmica com Gilmar Mendes, o petista disse apenas que “quem inventou a história que prove”.
Em boa parte da conversa, Lula contou como foi o período em que se tratava do câncer. Ele revelou que o principal medo foi de perder a voz. “Como eu ia viver sem poder falar”, disse, se queixando que ainda enfrenta muitas dores na garganta. Questionado pelo Ratinho sobre políticas para a área da saúde, Lula ressaltou que é necessário a destinação de muitos recursos para o setor e aproveitou para cutucar a oposição. Segundo o ex-presidente, foi “por vingança” que o imposto destinado à saúde foi derrubado. “A saúde precisa de dinheiro. A oposição derrubou a CPMF , R$ 40 bilhões com o objetivo de me prejudicar. Mas eles não se ligaram que estavam prejudicando a população”, cutucou.

Sobre sua possível candidatura em 2014, Lula disse que a prioridade é a reeleição da presidente Dilma e que são poucas as chances dele ser candidato novamente. “Eu tenho certeza de que a presidente Dilma vai chegar muito forte”, ressaltou. Apesar disso, Lula aproveitou para alfinetar o PSDB. “A única hipótese de eu voltar a ser candidato é se ela não quiser, não vou deixar um tucano ser presidente do Brasil”, alfinetou.

Quem aproveitou o momento foi pré-candidato do PT à prefeitura de São Paulo, o ex-ministro da Educação, Fernando Haddad, que disse que a população da capital paulista “quer mudança”. Lula afirmou que a cidade precisava de alguém “com o mesmo entusiasmo com que Haddad cuidou da educação”.

Já no final do programa, Ratinho disse que tocaria no assunto da polêmica com Gilmar Mendes, mas que Lula responderia se quisesse. O ex-presidente preferiu não se posicionar e apenas disse que não tinha “interesse em falar sobre isso”. “Quem inventou a história que prove”, limitou-se. O ex-presidente está sendo acusado de ter pressionado o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, para adiar o julgamento do processo do mensalão. Mendes teria se encontrado com o petista, em Brasília, no apartamento do ex-ministro da Defesa, Nelson Jobim. Conforme o ministro do Supremo, Lula lhe ofereceu blindagem na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) numa suposta operação do PT para adiar o julgamento do mensalão para 2013. Em nota, divulgada pelo Instituto Lula, o ex-presidente afirmou que o sentimento era de “indignação”.

Na noite dessa quarta-feira, em suposta referência a polêmica, Ao participar do 5º Fórum Ministerial de Desenvolvimento, em Brasília, Lula fez apenas uma referência aos que não gostam dele. "Vou falar em pé senão podem dizer que estou doente, para evitar esses dissabores. Você sabe que eu tenho muita gente que gosta (de mim) e alguns que não gostam. Então, eu tenho que tomar cuidado contra esses daí que são minoria e estão aí no pedaço", disse o ex-presidente logo no início do seu discurso.

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