"Amo o Rio e não quero ver o Estado nas manchetes internacionais por um embate político. Seria um desserviço ao País e ao Estado convocar Cabral." Parece um aliado falando, mas é o senador do PSDB Cássio Cunha Lima (PB), que votou contra a convocação de Cabral. O tucano teve o mandato de governador da Paraíba cassado por abuso do poder econômico e foi eleito senador em 2010. "Enfrentei uma crise, sei o quanto é custoso para o Estado. Contra Cabral, há apenas fotos de péssimo gosto", afirma Cunha Lima, em referência à divulgação de imagens de viagens de Cabral à França em companhia de Fernando Cavendish, ex-dono da construtora Delta, investigada na CPI.
Os três tucanos que votaram contra a convocação dissociam seus votos de qualquer ação política, mas o bom trânsito de Cabral no PSDB, partido ao qual foi filiado e onde tem bons amigos, como o senador Aécio Neves (MG), ajudou no ambiente favorável. "Não mudei de lado. Sempre tive a mesma convicção. O escopo da CPI é investigar integrantes da quadrilha e pessoas referidas pelos integrantes. Sérgio Cabral nunca foi referido. A oposição é minoria na CPI, nosso instrumento de convencimento é a lógica investigativa", diz o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP).
"Sempre dissemos que a CPI tem que ser imparcial. Não seria coerente votar pela convocação de Cabral se até agora não há notícia, nas investigações, de nenhuma ligação ilícita do governador", argumenta o deputado Domingos Sávio (PSDB-MG). O voto dos companheiros contrariou o deputado Otávio Leite (PSDB-RJ), pré-candidato a prefeito do Rio que vinha trabalhando pela convocação do adversário Cabral. "Acho que esse assunto deveria ter sido mais discutido no partido", reclama Otávio Leite.