Elzita Santa Cruz, 98 anos, representante dos mortos e desaparecidos no período da ditadura militar, deu o tom de emoção à instalação da Comissão Estadual da Memória e Verdade Dom Hélder Câmara, na tarde desta sexta, nos jardins do Palácio do Campo das Princesas. "Onde está meu filho?" perguntou ela, que aguarda uma resposta há 38 anos, desde o desaparecimento de Fernando Santa Cruz, sequestrado no dia 23 de fevereiro de 1974, no Rio de Janeiro.
O arcebispo e Olinda e Recife, dom Fernando Saburido, também prestigiou a instalação da comissão estadual, que deverá ter como um dos focos prioritários de trabalho a investigação do assassinato do padre Antonio Henrique Pereira Neto, em 1969. Auxiliar de Dom Hélder Câmara, padre Henrique foi seqüestrado, torturado e morto pelo Comando de Caça aos Comunistas (CCC). Nenhum dos acusados pelo crime foi condenado, apesar de provas e testemunhos. O pedido de investigação será feito por Saburido.
"É fundamental contar às novas gerações o que ocorreu para fortalecer democracia", disse o governador Eduardo Campos (PSB). "Não é tempo de revanche, mas de contar a verdade". Segundo ele, a comissão estadual vai atuar em sintonia com a comissão nacional.