Em crise desde que a Operação Monte Carlo da Polícia Federal revelou as ligações de executivos da construtora com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, a Delta protocolou segunda-feira no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro o pedido de recuperação judicial - instrumento jurídico usado por empresas em dificuldades financeiras e anteriormente chamado de concordata.
Principal empreiteira do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a Delta apelou para a recuperação judicial três dias após a holding J&S anunciar que havia desistido de comprar a empresa alegando "crise de confiança e de credibilidade". A construtora se disse vítima de "bullying empresarial".
Tramitando na 5ª Vara Empresarial do Rio, o processo foi remetido nesta terça para a 4ª Promotoria de Justiça de Massas Falidas do Ministério Públio estadual, que deverá se manifestar em até cinco dias.
Além de Cavendish, também permanece afastado da empresa o diretor executivo, Carlos Pacheco, número dois na hierarquia da construtora. Em pelo menos 22 conversas telefônicas gravadas pela PF durante a Operação Monte Carlo há citações diretas ao executivo. Cachoeira e integrantes de seu grupo sugerem ter contato frequente com ele.
Dois diretores regionais da Delta são alvos de inquéritos policiais. Claudio Abreu, responsável pela construtora no centro-oeste, era íntimo do contraventor e está preso desde o dia 25 de abril, quando o Ministério Público do Distrito Federal desencadeou a Operação Saint-Michel. Diretor da região sudeste, Heraldo Puccini Neto também teve a prisão decretada, mas fugiu e permanece foragido.