Vindo de um casamento desfeito – ou de um rompimento político – com seu vice, Roberto Carvalho (PT), o prefeito Marcio Lacerda (PSB) vai saber no domingo quem será o petista a substituir o atual rival na disputa por mais quatro anos à frente da administração municipal. Entraram na disputa sete nomes que dividem o partido em pelo menos cinco grupos internos, além dos técnicos. Sem um franco favorito, o discurso é de busca da unidade até domingo para que o partido não tenha que decidir no voto a indicação para completar a chapa com PSB e PSDB. A indefinição, no entanto, pode empurrar a escolha para o dia 30, quando seria convocado um segundo turno.
Nomes na mesa, os candidatos se movimentam para conseguir o apoio dos delegados. Na véspera do encontro, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel (PT), chega a Belo Horizonte para tentar um acordo que minimize os estragos de mais um racha na legenda. Durante a definição da tática eleitoral, o partido ficou dividido entre os que queriam a aliança com Lacerda, mesmo com o PSDB, e os que vetavam a presença dos tucanos.
No atual cenário, tudo pode ocorrer, já que nenhum dos nomes tem maioria política ou numérica dos delegados que escolherão o destino do PT no domingo. Sem acordo, qualquer um dos vencedores representará apenas parte do PT, o que pode implicar o enfraquecimento da legenda na aliança. Há até quem aposte na chegada de um elemento surpresa no domingo, que poderia ser o ex-ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias. A possibilidade de ele ser apresentado como o nome de consenso, no entanto, é mínima, já que ele próprio tem ficado de fora das conversações. Ele não seria vetado, mas também não tem o apoio das demais lideranças.
O quebra-cabeça que o ministro Pimentel tenta montar no sábado é entre Murilo Valadares, candidato do deputado federal Virgílio Guimarães; Paulo Lamac, que representa ele próprio; e Miguel Corrêa, aliado do presidente estadual do partido, Reginaldo Lopes. Os técnicos – Mutilo Valadares, Jorge Nahas e Luiz Gustavo Fortini – também poderão ser chamados para conversar. Do outro lado, André Quintão representa o grupo de Patrus Ananias, e Fortini é o nome do vice-prefeito Roberto Carvalho, presidente do PT municipal. Um novo fator surgiu ontem com a desincompatibilização do secretário de Governo, Josué Valadão, filiado ao PP. Sua saída do cargo é vista como um plano B, caso não se viabilize o acordo com um nome do PT.
Unidade
Representantes dos grupos em disputa correm atrás dos votos mas pregam a unidade. O deputado Miguel Corrêa afirma estar trabalhando pela construção de uma candidatura que represente o partido politicamente e, por isso, seu nome deve ser avaliado. “O acordo é sempre o melhor caminho.” Pela tendência da Articulação, André Quintão admite até retirar seu nome, caso seja encontrado um nome de consenso. “Vamos continuar até domingo buscando a construção de um acordo político que possibilite uma candidatura única”. Virgílio Guimarães também acredita que as candidaturas não sejam irrevogáveis. “Acredito que vá ser decidido no voto, mas não quer dizer que obrigatoriamente tenha de ser assim”, disse.
Enquanto o PT não decide, os tucanos assistem tranquilos e satisfeitos à briga interna do partido, que pode enfraquecê-los. Segundo o presidente municipal tucano, deputado estadual João Leite, a aliança com Lacerda está fechada e os pleitos para o PSB colocados: a vaga de vice-prefeito e a coligação na chapa de vereadores. Nos bastidores, porém, já estaria acertado que o partido ficará com a união na chapa proporcional, o que seria bom para PSB e PSDB ampliarem suas bancadas e reduziria o número de vereadores petistas. “Estamos em entendimento. Vamos apoiar mas queremos conversar e levar isso para as bases”, afirmou o tucano.