Jornal Estado de Minas

Mensalão com data marcada para 1º de agosto

Julgamento dos acusados de envolvimento no esquema de compra de apoio político no governo Lula será na volta do recesso e se estenderá até setembro, às vésperas das eleições

Diego Abreu
Brasília – Dois meses antes das eleições municipais e com uma CPI em andamento no Congresso, o Supremo Tribunal Federal (STF) começará o maior julgamento já realizado até hoje pela Corte, no qual serão julgados políticos envolvidos no maior escândalo do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Sete anos após o caso vir à tona, os ministros marcaram ontem o começo do julgamento do mensalão para 1º de agosto, dia em que retornarão do recesso. O cronograma foi aprovado por unanimidade, em sessão administrativa realizada ontem à noite, que contou com a presença de nove dos 11 ministros. O revisor do processo, Ricardo Lewandowski, e o ministro José Antonio Dias Toffoli não participaram do encontro.
De acordo com a definição do STF, a primeira semana de trabalhos em agosto terá duas sessões, na quarta (dia 1º) e na quinta. Na semana seguinte, haverá encontros de segunda a sexta-feira, enquanto na terceira as sessões se estenderão de segunda a quinta. A previsão é de que a primeira fase do julgamento termine em 14 de agosto. Essa etapa inicial será destinada à sustentação oral do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, e dos advogados dos 38 réus da ação penal.

A partir da quarta semana de julgamento, as sessões ocorrerão às segundas, quartas e quintas-feiras, sempre à tarde. De acordo com a proposta apresentada pelo decano da Suprema Corte, ministro Celso de Mello, a cada sessão, cinco advogados terão direito a palavra, cada um pelo limite de uma hora, conforme estabelece o regimento interno do STF. Assim, durante a primeira fase, serão cinco horas diárias de julgamento. Celso fixou um total de cinco sustentações por sessão, “para não prejudicar os últimos réus de cada dia, porque senão encontrariam o tribunal já extenuado e cansado”.

No começo da reunião de ontem, Celso de Mello condicionou a validade do cronograma à conclusão, até o fim de junho, do voto de Lewandowski, revisor do processo. Ao fim do encontro, a assessoria de Lewandowski confirmou que o ministro concluirá o voto ainda este mês.

Indefinições Há ainda algumas pendências em relação à análise do mensalão. A primeira é a possibilidade de o ministro Dias Toffoli se declarar impedido de julgar o caso, por ter sido advogado do PT e, ainda, pelo fato de sua mulher ser ex-advogada de um dos réus. Recentemente, ele comentou que só tomará a decisão às vésperas do julgamento. Uma segunda pendência é a participação do ministro Cezar Peluso, que se aposentará compulsoriamente até 3 de setembro, quando completará 70 anos. É possível que ele participe apenas de algumas sessões do mensalão, ou mesmo que nem retorne do recesso.

Questionado se Peluso vai participar do julgamento, o presidente do STF, Carlos Ayres Britto, avisou que “a expectativa é que sim”, e observou que Peluso tem o direito de antecipar o voto, durante o julgamento, antes da aposentadoria. Conforme o ritual do Supremo, o primeiro voto após as sustentações orais será proferido pelo relator, Joaquim Barbosa. Ele adiantou que levará pelo menos três sessões para concluir o voto