Brasília – Pressionado pela versão contada pelo empresário Walter Paulo de Oliveira Santiago, que apresentou nova versão para a compra do imóvel em Goiânia, o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB-GO), se movimenta politicamente antes do depoimento na comissão parlamentar de inquérito (CPI) do Cachoeira, na terça-feira. Um emissário de Perillo procurou senadores e deputados considerados independentes para uma conversa particular antes da oitiva. O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AC) é um dos que confirmam a conversa.
“O emissário disse que o governador queria ter uma conversa individual para apresentar argumentos de sua defesa. Eu disse que toparia conversar se fosse um encontro público e com um grupo de senadores”, contou Randolfe. O senador Cyro Miranda (PSDB-GO) teria sido o porta-voz de Perillo. Até o fechamento desta edição, o parlamentar goiano não havia se posicionado sobre o assunto.
Randolfe estranhou o pedido e comentou que só toparia se encontrar com o governador na presença dos senadores Pedro Taques (PDT-MT) e Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) e dos deputados Miro Teixeira (PDT-RJ) e Rubens Bueno (PPS-PR). “O depoimento dele foi marcado para terça-feira. Só retorno a Brasília na segunda à noite. Além de estranho, é inviável”, disse Randolfe. Na tarde de ontem, por meio da assessoria de imprensa, Perillo informou que não fez nenhum pedido e que, se alguém agiu assim, não foi com sua autorização.
Na terça-feira, o empresário Walter Paulo Santiago declarou na CPI que comprou a casa por R$ 1,4 milhão em espécie. De acordo com ele, o governador recebeu o dinheiro pelo imóvel onde o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, morava até ser preso, em 29 de fevereiro, em notas de R$ 50 e R$ 100. O governador atesta que o contraventor mudou-se para a mansão depois da venda. Santiago conta que Cachoeira viveu no imóvel antes que ele pensasse em ocupá-lo.
Adiamento Ontem, cresceu, entre os integrantes da CPI, um movimento para adiar o depoimento de Perillo. A estratégia estaria sendo articulada pelo PT. O objetivo seria conseguir mais elementos contra o governador para que ele venha depor totalmente fragilizado. “Para que a pressa? Vamos aguardar a vinda dos documentos da quebra dos sigilos da Delta para termos mais elementos", propôs o deputado Sílvio Costa (PTB-PE). Segundo ele, o presidente interino da CPI, deputado Paulo Teixeira (PT-SP), concordou com a tese. "Conversei com ele (Paulo Teixeira), vamos levar isso ao Vital", disse Costa ao se referir ao presidente do colegiado, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), que está de licença médica até a próxima semana.
Com a palavra, MARCONI perillo
A comercialização da casa em Goiânia onde o bicheiro Carlinhos Cachoeira foi preso deverá ser o principal tema do depoimento do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), à CPI, marcado para terça-feira. Ainda não está claro para quem e por quanto ele vendeu o imóvel, que está em nome da empresa Mestra. Se vendeu ao ex-vereador Wladimir Garcez, por que assinou a escritura em nome do empresário Walter Paulo Santiago? Essa é uma das questões sobre o tema. Outro ponto a esclarecer é qual era a relação da sua ex-chefe de gabinete Eliane Gonçalves com Carlinhos Cachoeira. Segundo a Polícia Federal, ela recebeu de presente do bicheiro um aparelho celular, pelo qual Cachoeira repassaria informações sobre operações da PF. Também são esperadas explicações sobre qual era o verdadeiro nível de contato entre ele e Cachoeira. Num aniversário do contraventor, Perillo teria ligado para parabenizá-lo e cobrado: “Faz festa e nem chama os amigos”.