Jornal Estado de Minas

José Dirceu disse estar "satisfeito" com a definição da data do julgamento do mensalão

Diego Abreu
o ex-ministro do governo Lula embora trabalhou nos bastidores pelo adiamento do caso para 2013 - Foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press. Brasil
A marcação do julgamento do mensalão para 1º de agosto dividiu a opinião de dois dos principais réus da ação penal que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF). Denunciado pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, o presidente do PTB, Roberto Jefferson, afirmou ontem considerar “um erro colocar o julgamento disputando o espaço com as eleições”. Já o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, acusado de formação de quadrilha e corrupção ativa, disse, por meio de assessores, estar “satisfeito” com a definição da data, embora tenha trabalhado nos bastidores pelo adiamento do caso para 2013.

Nos partidos, a avaliação é de que a análise do processo às vésperas das eleições municipais não vai interferir no resultado do pleito. Se de um lado petistas avaliam que o julgamento paralelamente à campanha eleitoral não vai atrapalhar as pretensões do PT, de outro, os tucanos enxergam o risco de um reflexo negativo para o partido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na disputa pela Prefeitura de São Paulo.

Líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR) considera que as campanhas nos municípios não serão atingidas pelo fato de o julgamento ocorrer paralelamente ao julgamento. O tucano, porém, alerta para um possível desgaste do PT na capital paulista. “Quando há uma eleição nacionalizada, como a de São de Paulo, o reflexo é inevitável. Principalmente pela presença do presidente Lula na campanha (do ex-ministro da Educação Fernando Haddad) e pela inevitável conexão que há entre ele e o mensalão, inclusive com a tentativa de adiar o julgamento”, afirmou o senador.

Resultados O deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) descarta, por sua vez, o risco de interferência do julgamento do mensalão nos resultados do pleito. Ele repete o discurso de que “o Brasil sabe que o mensalão não existiu” e diz acreditar que o STF julgará o caso com independência. Questionado se uma eventual condenação dos réus filiados ao PT tem potencial para desestabilizar a legenda, ele respondeu que o mensalão não terá, nesta eleição, “mais interferência do que teve em 2006”. “Naquele ano, tivemos um processo com ampla participação da mídia, mas o PT foi o partido mais votado, com 500 mil votos a mais que o PMDB para deputado federal”, destacou.