Brasília – Em quase 50 dias da CPI mista do Cachoeira, os trabalhos avançam à mesma medida que as escorregadas de alguns de seus membros. Desinformação sobre o regimento, pouco tempo de atuação no Congresso Nacional ou deslumbramento com a visibilidade da comissão já resultaram em esforço desperdiçado, alguma dose de perda de tempo e até cenas de baixaria.
Na sessão anterior ao depoimento do delegado da Polícia Federal Matheus Mella Rodrigues, os integrantes da CPI decidiram realizar uma sessão secreta, para evitar que as defesas dos suspeitos fossem municiadas com informações fornecidas pelo policial e pelos próprios parlamentares. No dia da oitiva, porém, os membros do colegiado foram surpreendidos com a presença dos advogados do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), do ex-diretor da Delta Cláudio Abreu e do bicheiro Carlinhos Cachoeira no plenário fechado. Depois de muita confusão, o depoimento foi retomado. Legalmente, os advogados realmente tinham o direito de acompanhar a sessão.
O capítulo mais vergonhoso da CPI até o momento, o bate-boca entre o deputado Sílvio Costa (PTB-PE) e o senador Pedro Taques só ocorreu porque o presidente da comissão, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), desrespeitou a regra de não conceder a palavra aos integrantes da comissão no momento em que os depoentes decidem ficar calados. Vital quis fritar Demóstenes e deixou Sílvio Costa solto, permitindo-lhe que se pronunciasse. Perdeu a condução. O senador Pedro Taques (PDT-MT) interrompeu Costa, acusando-o de desrespeitar o depoente com ofensas. Quando Vital do Rêgo quis recuperar as rédeas já era tarde. A confusão já estava feita: o deputado reagiu, vociferando palavrões, e a sessão teve de ser encerrada.
O líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), atribui os micos de seus colegas à inexperiência de boa parte dos selecionados para integrar a CPI: “Nesse episódio da discussão de Taques e Costa, o presidente não tinha de dar a palavra a ninguém. Deveria apenas ter dispensado o Demóstenes assim que ele avisou que permaneceria calado. Tem muita gente nova querendo mostrar serviço, participação. Vez ou outra, eles acabam se atrapalhando. Em outros casos, há a busca pelo holofote, o desejo de ser a estrela das imagens da noite”, resume o senador.
Perda de tempo
A falta de conhecimento jurídico é tamanha que uma sessão da CPI chegou a ser adiada após o deputado Gladson Cameli (PP-AC) afirmar que a comissão não teria poderes para convocar governadores. A informação equivocada fez com que a votação dos requerimentos só ocorresse uma semana depois. Em outra passagem, a CPI encaminhou requerimento ao Supremo Tribunal Federal pedindo os autos da Operação Vegas. No entanto, os documentos estavam na Justiça de Goiás. O STF tinha apenas as informações da Operação Monte Carlo. A comissão perdeu tempo e abriu precedente para os acusados afirmarem que a CPI não havia disponibilizado os autos. A trapalhada beneficiou Cachoeira, que teve o depoimento adiado.
O silêncio do bicheiro provocou um festival de pixotadas. Os integrantes já sabiam que ele não iria se pronunciar e, mesmo assim, não bolaram nenhuma estratégia. Discutiram entre si na frente do depoente. Mais uma vez, depois de muita confusão, a CPI decidiu que os parlamentares não deveriam mais fazer nenhuma pergunta a ele para não ajudá-lo em outra oitiva. Era tarde. Cachoeira recebeu um treino de luxo. “Fica nítido que faltam procedimentos e critérios à CPI. A ausência desses dois elementos abre espaço para a superconcentração de decisões nas mãos do relator (deputado Odair Cunha, do PT-SP) e do presidente”, critica o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP).
Na sessão anterior ao depoimento do delegado da Polícia Federal Matheus Mella Rodrigues, os integrantes da CPI decidiram realizar uma sessão secreta, para evitar que as defesas dos suspeitos fossem municiadas com informações fornecidas pelo policial e pelos próprios parlamentares. No dia da oitiva, porém, os membros do colegiado foram surpreendidos com a presença dos advogados do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), do ex-diretor da Delta Cláudio Abreu e do bicheiro Carlinhos Cachoeira no plenário fechado. Depois de muita confusão, o depoimento foi retomado. Legalmente, os advogados realmente tinham o direito de acompanhar a sessão.
O capítulo mais vergonhoso da CPI até o momento, o bate-boca entre o deputado Sílvio Costa (PTB-PE) e o senador Pedro Taques só ocorreu porque o presidente da comissão, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), desrespeitou a regra de não conceder a palavra aos integrantes da comissão no momento em que os depoentes decidem ficar calados. Vital quis fritar Demóstenes e deixou Sílvio Costa solto, permitindo-lhe que se pronunciasse. Perdeu a condução. O senador Pedro Taques (PDT-MT) interrompeu Costa, acusando-o de desrespeitar o depoente com ofensas. Quando Vital do Rêgo quis recuperar as rédeas já era tarde. A confusão já estava feita: o deputado reagiu, vociferando palavrões, e a sessão teve de ser encerrada.
O líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), atribui os micos de seus colegas à inexperiência de boa parte dos selecionados para integrar a CPI: “Nesse episódio da discussão de Taques e Costa, o presidente não tinha de dar a palavra a ninguém. Deveria apenas ter dispensado o Demóstenes assim que ele avisou que permaneceria calado. Tem muita gente nova querendo mostrar serviço, participação. Vez ou outra, eles acabam se atrapalhando. Em outros casos, há a busca pelo holofote, o desejo de ser a estrela das imagens da noite”, resume o senador.
Perda de tempo
A falta de conhecimento jurídico é tamanha que uma sessão da CPI chegou a ser adiada após o deputado Gladson Cameli (PP-AC) afirmar que a comissão não teria poderes para convocar governadores. A informação equivocada fez com que a votação dos requerimentos só ocorresse uma semana depois. Em outra passagem, a CPI encaminhou requerimento ao Supremo Tribunal Federal pedindo os autos da Operação Vegas. No entanto, os documentos estavam na Justiça de Goiás. O STF tinha apenas as informações da Operação Monte Carlo. A comissão perdeu tempo e abriu precedente para os acusados afirmarem que a CPI não havia disponibilizado os autos. A trapalhada beneficiou Cachoeira, que teve o depoimento adiado.
O silêncio do bicheiro provocou um festival de pixotadas. Os integrantes já sabiam que ele não iria se pronunciar e, mesmo assim, não bolaram nenhuma estratégia. Discutiram entre si na frente do depoente. Mais uma vez, depois de muita confusão, a CPI decidiu que os parlamentares não deveriam mais fazer nenhuma pergunta a ele para não ajudá-lo em outra oitiva. Era tarde. Cachoeira recebeu um treino de luxo. “Fica nítido que faltam procedimentos e critérios à CPI. A ausência desses dois elementos abre espaço para a superconcentração de decisões nas mãos do relator (deputado Odair Cunha, do PT-SP) e do presidente”, critica o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP).