Não é o vice dos sonhos, mas o escolhido para completar a chapa do PSB, deputado federal Miguel Corrêa Jr., agradou ao prefeito Marcio Lacerda (PSB), principal interessado na decisão, e aos tucanos. Por ter um perfil mais conciliador, defender a aliança mesmo com a presença do PSDB e não ser considerado alguém que possa criar novos problemas para o cabeça da chapa, o parlamentar ganhou a simpatia dos partidos aliados, que acompanharam atentamente, de longe, o encontro do PT. Logo depois do resultado, Lacerda parabenizou o candidato a vice por telefone e falou da expectativa de uma boa relação.
O prefeito avisou que só se pronunciará publicamente hoje sobre a decisão, mas assessores próximos garantiram que ele considerou o nome uma “boa escolha”. Depois de receber as felicitações, Miguel Corrêa Jr. disse a Lacerda que quer “uma relação de harmonia, cumplicidade e companheirismo”. Exatamente o contrário do que Lacerda tem com o atual vice-prefeito, Roberto Carvalho. Depois de um longo período de brigas nos bastidores, o rompimento público veio no ano passado, quando o socialista exonerou os indicados do petista na prefeitura. A eleição de Miguel foi mais “tranquilizadora” ainda porque o adversário de segundo turno, Luiz Fortini, era o nome de Carvalho para a disputa.
O presidente do PSB, Walfrido dos Mares Guia, não economizou elogios. “É um rapaz muito preparado, um ótimo deputado que já tem uma vivência da cidade, uma pessoa articulada que tem prestígio e é muito bem votado. Obviamente a escolha era do PT, mas é um companheiro muito importante que vai somar na nossa parceria”, ressaltou.
O presidente do PSDB, deputado federal Marcus Pestana, torcia publicamente pelo deputado e chegou a brincar que seus delegados votariam em Miguel. “Venceu o bom senso. Não faria sentido uma corrente contra a aliança oferecer o vice”, argumentou. O tucano defendeu a união de todos os partidos em torno do petista: “Espero que, a partir de agora, o deputado seja o vice de toda a aliança. E já está na hora de começarmos a pensar em programa de governo e estratégias de campanha”.
Governo de Minas
Nem tudo são flores, no entanto, na relação entre PT e PSDB. Pestana fez questão de deixar claro aos petistas que a aliança de agora não tem nenhuma repercussão em 2014 e 2016. “Desde 2008 essa aliança tem uma base real que foi a cooperação entre os então governos do estado e prefeitura (liderados respectivamente pelo senador e ex-governador Aécio Neves e o ministro e ex-prefeito Fernando Pimentel). Nada a ver com 2014 e 2016, quando a tendência é PSDB e PT disputarem governo e prefeitura”, considerou. Miguel Corrêa Jr. trabalha para ser candidato a prefeito em 2016, mas pode ver na vaga de vice uma chance de antecipar seus planos, já que Lacerda é cotado para concorrer ao governo do estado daqui a dois anos.
A cordialidade tucana não deixou de lado a histórica rivalidade com o PT. “Apesar desse peso político, generosamente, em nome da sociedade cedemos a vaga de vice para viabilizar uma aliança boa para a cidade”, ponderou Pestana. O dirigente tucano aproveitou para provocar os petistas, dizendo estar preocupado com a saúde dos aliados, que “tiveram de ficar o dia todo se digladiando para chegar a uma solução”. E tripudiou: “Quase enviei 500 quentinhas para que os delegados não ficassem sem comer”. Com a vaga de vice garantida, o PT, segundo Pestana, terá que abrir mão da reivindicação da aliança proporcional.
O vice-governador Alberto Pinto Coelho(PP), cujo partido também aprovou ontem em convenção o apoio a Marcio Lacerda, também considerou Miguel uma boa escolha. “É uma liderança jovem com boa presença na capital e região metropolitana. Enriquece o processo”, afirmou.