Jornal Estado de Minas

Hospital federal está no vermelho em Belo Horizonte

Única unidade de saúde mantida pela União com sede em Belo Horizonte e referência em serviços de alta complexidade convive com um rombo mensal de pelo menos R$ 2 milhões

Isabella Souto
Enquanto a presidente Dilma Rousseff (PT) visita ampliações no Hospital Sofia Feldman garantidas por recursos do programa Rede Cegonha, o único hospital federal com sede em Belo Horizonte acumula a cada mês uma dívida de R$ 2 milhões. Referência em atendimento de alta complexidade em Minas Gerais, o Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (HC-UFMG) precisa de R$ 12 milhões para se manter, enquanto recebe do governo federal um repasse de R$ 10 milhões. O resultado das contas no vermelho é uma dívida acumulada de R$ 23 milhões com funcionários e fornecedores.
A direção do HC garante que não há qualquer prejuízo no atendimento à população, mas admite que alguns equipamentos estão obsoletos e não há recursos para reformas e modernização. Para evitar a falta de material necessário ao atendimento médico, o hospital tem contado com a boa vontade dos credores. “Não temos tido maiores problemas com os fornecedores, até porque temos a expectativa de receber recursos do governo federal”, conta o diretor-geral do HC, Antônio Luiz Pinho Ribeiro. De acordo com ele, até o fim do ano o hospital deve receber do governo federal R$ 10 milhões extras.

O recurso tão esperado para dar alívio ao caixa faz parte do Programa de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais (Rehuf), lançado há dois anos pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O plano da direção do HC é usar parte dessa verba para quitar parcela de suas dívidas. O Hospital das Clínicas é totalmente público e vive com os recursos repassados mensalmente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Há ainda, segundo Antônio Ribeiro, doações para investimentos captadas junto à iniciativa privada.

O grande problema financeiro do hospital, de acordo com o diretor, só será resolvido no dia em que o governo federal assumir a folha de pessoal. Isso porque, dos 3.706 funcionários, apenas 1.664 são concursados e têm os salários pagos pela União. Os demais são terceirizados via Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep) ou autônomos, cuja folha soma R$ 6 milhões mensais e é custeada integralmente pelo próprio hospital. “O fato de o hospital ter que pagar por uma força de trabalho que teria que ser paga pelo governo federal traz uma grande deficiência de verba”, diz.

Ainda não há previsão de concurso público, e a promessa é que o governo federal vá incorporar essa mão de obra por meio da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), cuja lei criadora foi sancionada pela presidente Dilma Rousseff em dezembro. Dessa forma, a própria União ficaria responsável pelos salários do grupo. Com a economia, os planos do HC é melhorar a infraestrutura e aumentar o número de leitos. Atualmente são 503, entre vagas para adultos, crianças e recém-nascidos, número que poderá saltar para 600.