Jornal Estado de Minas

Atendimento em hospital em BH será de encher os olhos da presidente Dilma

Andréa Castello Branco

Quando chegar hoje ao Hospital Sofia Feldman, no Bairro Tupi, Região Norte de Belo Horizonte, a presidente Dilma Rousseff vai se encantar com o Centro de Parto Helena Greco, espaço recém-construído dentro dos princípios de assistência à gestante preconizados pela Rede Cegonha. Ao anunciar mais recursos para o programa, a presidente verá quartos novinhos, amplos, claros, com banheira de hidromassagem e todo tipo de equipamento para aliviar as dores do parto.

Mas Dilma não vai encontrar sequer um leito de tratamento intensivo para as mães que precisam de cuidados maiores no caso de alguma intercorrência durante o parto. Quando isso acontece, a paciente precisa ser transferida para a Maternidade Odete Valadares ou para o Hospital Odilon Behrens. “Às vezes isso demora um pouco e precisamos de uma resposta imediata. A UTI não é para quem está morrendo, é para garantir que o estado da mulher não piore. Acho que 10 leitos seriam suficientes para atender com segurança a demanda que temos”, afirma Ivo Oliveira Lopes, diretor administrativo do Sofia Feldman.

A presidente Dilma também vai apreciar a Unidade de Cuidados Intermediários (UCI) para recém-nascidos, onde os bebês que já passaram pela UTI, agora, mais fortes, têm a companhia e o aconchego das mães. Mas, provavelmente, ela não terá tempo de reparar que o parque tecnológico da maternidade carece de mais atenção e investimento. Incubadoras, respiradores e monitores já têm mais de 10 anos de uso e precisam ser trocados. “A Rede Cegonha melhorou muito o nosso financiamento, mas, como somos um hospital filantrópico, não temos um orçamento público que nos dê garantias. Historicamente há um subfinanciamento da saúde, mas temos a promessa do ministério de melhorar nossos equipamentos”, diz José Carlos de Silveira, diretor clínico.

A maior maternidade de Belo Horizonte, terceira maior do estado e referência para 230 municípios conta com 150 leitos, mas gostaria de poder contar com pelo menos outros 30 para poder atender mais gente como Rosilene da Silva Soares, de 24 anos, que veio de Raul Soares, na Zona da Mata, com seis meses e meio de gestação para dar à luz Isabela Vitória. A filha ficou sete dias na UTI e agora, já na UCI, tem a companhia da mãe. “Aqui é muito bom. Fiquei com medo no início porque não conhecia o hospital. Ficava pensando se eles estavam fazendo tudo que podia para ela sobreviver. Mas não tenho do que reclamar”, comenta Rosilene.

A poucos metros dali, Larissa Cristina Souza e Lima, de 16, acabava de receber nos braços Lucas, primeiro filho, que veio ao mundo por parto normal e cheio de saúde. “Tive ele na cama. Foi tranquilo”, diz a adolescente acompanhada por várias pessoas da família em um dos quartos do Centro de Parto. Para que tudo isso seja possível, a administração do hospital se desdobra para multiplicar os recursos que recebe da Rede Cegonha, do Pro-Hosp (programa do governo estadual) e da Secretaria Municipal de Saúde.

“De dois anos pra cá estamos qualificando a assistência contratando apenas enfermeiros com curso superior. Também adotamos uma política de valorização de pessoal e mantemos parcerias com o Conselho Regional de Medicina e com a Sociedade Mineira de Pediatria para treinamento do corpo clínico. Não vou dizer que faltam recursos, faltam sim. Mas a direção hospitalar também tem que ter criatividade para aplicar os recursos que recebe”, diz Ivo Lopes.