Convocado a depor nesta terça na CPI do Cachoeira, o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), vai apresentar à comissão cópias dos extratos bancários de suas contas correntes em quatro instituições financeiras, no período compreendido entre janeiro e julho de 2011. Nos meses de março, abril e maio do mesmo ano, ele recebeu pela venda de uma casa em um condomínio de luxo em Goiânia, três cheques no total de R$ 1,4 milhão, assinados por Leonardo Augusto Ramos, sobrinho do contraventor Carlos Cachoeira.
Com os extratos e outros documentos que comprovariam o valor de mercado do imóvel, Perillo acredita que poderá encerrar a polêmica em torno do preço real da casa e os rumores de que também teria recebido um complemento em dinheiro vivo pela venda do imóvel. Ainda assim, não deverá escapar de um pedido de quebra dos sigilos fiscal, bancário e telefônico, defendido amplamente pela bancada do PT na CPI.
O líder está convencido de que, além da casa, o governador deve explicações sobre a influência de Cachoeira na administração de seu governo. Perillo também terá de esclarecer os depósitos feitos em seu nome, por uma empresa ligada a Cachoeira, ao coordenador de rádio de sua campanha a governador, Luiz Carlos Bordoni, como revelou o Grupo Estado.
Em reunião nesta segunda à tarde, os petistas decidiram cobrar explicações de Perillo, com firmeza, mas sem descambar para ataques pessoais. "Ele tem que ser massacrado com dados; a sessão não pode virar baixaria", propõe o líder do PT no Senado, Walter Pinheiro (BA).
Os tucanos apostam que o PT terá de ser no mínimo cauteloso. Avaliam que os adversários do governador goiano cometeram o erro político de convocar, para o dia seguinte do tucano, o governador petista do Distrito Federal, Agnelo Queiroz. Fica valendo a teoria do "eu sou você amanhã". Os tucanos vão inquirir Agnelo na quarta-feira, no mesmo tom que os petistas se reportarem a Perillo na terça.
Como parte da estratégia de por um ponto final na polêmica da casa, Perillo também levará à CPI cópias dos extratos bancários cedidos por seu ex-assessor Lúcio Fiuza, que intermediou a venda do imóvel. Com os documentos referentes ao mesmo período de janeiro a julho do ano passado, o governador tentará mostrar que o homem de sua confiança não recebeu qualquer comissão pela transação imobiliária.