O prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), guardou uma carta na manga para o caso de uma reviravolta na aliança com o PT. O ex-secretário de governo e braço direito do prefeito Josué Valadão (PP) foi o único, entre os secretários exonerados do cargo no dia 6, a não retomar o posto nessa terça-feira. Caso seja preciso, Valadão será o nome de Lacerda para substituir o deputado federal Miguel Corrêa (PT) na vice. Ele continua no plano B do prefeito, pelo menos até o dia 30, data das convenções partidárias. Lacerda estaria se precavendo de uma possível saída dos petistas da chapa majoritária em caso de a coligação na proporcional não vingar. Foram canceladas as exonerações dos secretários municipais Murilo Valadares e Jorge Nahas e do procurador do Município, Marco Antônio de Rezende Teixeira, que saíram do governo para concorrer a vaga de vice.
Conforme informações de fontes ligadas às negociações, já há uma decisão do PSB nacional de que os socialistas não vão coligar nem com os petistas e nem com os tucanos na disputa por uma vaga na Câmara Municipal de Belo Horizonte. O partido estaria interessado em ganhar força no Legislativo municipal de olho nas eleições para deputado estadual e federal de 2014. Além disso, pesa contra a aliança na chapa proporcional com os petistas na capital mineira, o fato de a maioria dos vereadores do PT, quatro do total de seis, atualmente no comando, estarem atuando na Casa como oposição ao governo.
Os socialistas estimam conseguir entre oito e nove cadeiras na Câmara se caminharem sozinhos nas eleições de outubro. Os candidatos a vereador do PSB estão fazendo pressão para que não haja coligação com nenhuma legenda e já ameaçaram apoiar outro candidato se isso acontecer. “Queremos aumentar a bancada do PSB e fortalecer a governabilidade do prefeito Marcio Lacerda”, ressaltou o vereador Fábio Caldeira (PSB) que deve tentar a reeleição. Na segunda-feira, Lacerda afirmou que a aliança proporcional não está acertada com o PT. “Não estamos fechados nem com ‘A’ nem com ‘B’”, disse. O presidente municipal do PSB, João Marcos, afirmou que o partido vai discutir essa questão em um encontro amanhã.
O deputado estadual Paulo Lamac (PT), que foi favorável à união com os socialistas, disse acreditar em um rompimento da aliança no caso de o PSB negar a coligação na proporcional. Ele lembrou que durante o acordo com o PT para a reedição da dobradinha com Lacerda estava prevista a aliança na disputa para a Câmara. “Um recuo do PSB pode levar a um recuo do PT”, ameaçou, observando que em 28 de abril o presidente estadual do PSB, Walfrido Mares Guia, encaminhou uma carta aos petistas aceitando a aliança na chapa proporcional. Isso significa que na convenção do dia 30 os petistas podem voltar a discutir a candidatura própria, de acordo com o deputado. “Não acredito que o PSB vá fazer isso”, acrescentou.
O vereador do PSDB, Pablo César, Pablito, que coordena as conversas dentro do partido sobre a aliança na proporcional garante, entretanto, que o PT não vai participar da chapa de vereadores. Ele observou que entre as reivindicações dos tucanos, entregues ao prefeito, estava ou a vice prefeitura ou a coligação na proporcional. “Se o prefeito não nos atender estará negando um pedido do PSDB, do senador Aécio Neves. Os petistas já ganharam a vice”, acrescentou.