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Estado de Minas VISITA PRESIDENCIAL

Em BH, Dilma Rousseff defende o consumo

Discurso de 30 minutos foi quase todo dedicado à economia. Ela rebate avaliações de que o brasileiro está endividado e faz duras críticas aos ajustes praticados na União Europeia


postado em 13/06/2012 06:00 / atualizado em 13/06/2012 06:50

A presidente Dilma Rousseff defendeu ontem o consumo e negou que as famílias brasileiras estejam em um patamar alto de endividamento. Em seu primeiro discurso da visita, no Palácio da Liberdade, durante 30 minutos falando praticamente só  de economia, a presidente rebateu as críticas feitas por analistas e pela oposição contra a política de expansão do crédito que vem sendo adotada no Brasil e disse que esse é o melhor modelo para conter a crise mundial. Segundo ela, a tática adotada por alguns países da Europa de reduzir gastos e socorrer bancos, referência direta ao empréstimo anunciado no fim de semana pela União Europeia ao setor bancário espanhol, é equivocada.

“Não concordo com a história de que não é preciso estimular o consumo. Esse estímulo é uma característica do nosso modelo de desenvolvimento com inclusão social. Estranho seria se um modelo que levou 16 milhões de brasileiros e brasileiros a ter um padrão mínimo de consumo e renda não quisesse agora a ampliação do consumo no país”. Para ela, o Brasil tem um grande potencial de crescimento em função do momento de transição para uma economia de classe média.

Um dos erros dos que apontam um alto endividamento das famílias brasileiras, na avaliação da presidente, é a inclusão nessa conta de despesas com financiamento da casa própria. A presidente defendeu que isso tem de ser visto como investimento e não gasto. “É um equivoco absurdo considerar que o financiamento de moradia é consumo. Os R$ 120 bilhões que o governo federal coloca no Minha casa, minha vida não pode ser considerado custeio, porque sem eles não teríamos essa explosão de criação de oportunidades de investimentos na construção civil que estamos tendo”, argumentou.

Dilma defendeu ainda o subsídio do governo para o financiamento da casa própria e desafiou quem tenha a coragem, como antes, segundo ela, de criticar essa política. “O governo subsidia sim. Se antes, no passado, isso foi visto como algo incorreto eu quero ver hoje quem defenda, num país como o nosso, que o acesso à casa própria de milhões de brasileiros que ganham até R$ 1.600, por exemplo, pode ser feito a preço de mercado, sem subsídio, Não pode e não será”, discursou.

As políticas de expansão de crédito que vem sendo adotadas pelo governo, entre elas a redução de impostos para incentivar a compra de carros, são vistas por alguns analistas econômicos como perigosas, pois podem criar uma bolha de crédito, como é chamado o aumento da inadimplência devido ao endividamento excessivo, que pode levar à quebra do sistema financeiro.

Dilma garantiu que o Brasil vai superar essa nova crise econômica porque tem “forças internas”, diferente de outros países que não têm e garantiu não haver risco de bolha “Nós estamos muito bem fincados nos nossos próprios pés”, garantiu. A presidente disse que o Brasil nunca vai adotar uma política de ajuste como a que vem sendo praticada na Europa, que teria como consequência o desemprego de cerca de 54% da população de jovens, caso, por exemplo, da Espanha. “Nós nunca achamos isso, nós temos uma política de defesa do emprego brasileiro sim”, ressaltou.

Outro alvo do discurso de Dilma foi a alta taxa de juros praticada pelo sistema financeiro. Recentemente a presidente, em pronunciamento em cadeia nacional, anunciou a queda de juros dos bancos estatais e criticou duramente os bancos privados por não seguir o modelo. Para ela, não há explicação técnica, apenas política, para que as taxas continuem sendo praticadas, pois a inflação e as finanças públicas estão, segundo Dilma, sob controle.


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