Na véspera do fim do prazo para que o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) apresente suas alegações finais ao Conselho de Ética, a defesa do parlamentar entrou ontem com um pedido de liminar no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo que o processo por quebra de decoro seja paralisado. O senador alega cerceamento de defesa, sob o argumento de que o relator do processo, Humberto Costa (PT-PE), não autorizou a realização de perícias que, segundo os advogados de Demóstenes, poderiam comprovar indícios de ilegalidade nas provas colhidas a partir de interceptações telefônicas que flagraram conversas do congressista com o bicheiro Carlinhos Cachoeira.
O mandado de segurança será analisado pela ministra Cármen Lúcia, que deve tomar a decisão até o fim do dia, uma vez que o prazo para a entrega das alegações se encerra hoje. No pedido protocolado no Supremo, os advogados de Demóstenes pedem não só a suspensão do processo no Senado como também a extensão do prazo para que o parlamentar possa "ter garantido o direito de produzir provas técnicas para demonstrar a ilicitude dos diálogos telefônicos que integram a acusação".
"Busca-se pura e simplesmente tentar garantir um julgamento justo perante o Senado Federal e com irrestrita observância dos ditames regimentais, legais e constitucionais aplicados ao processo administrativo disciplinar", destaca a defesa de Demóstenes.
O relator do processo contra o senador apresentará o seu parecer no começo da semana que vem, provavelmente sugerindo a cassação do senador goiano. Demóstenes é acusado de ter usado seu mandato em favor de interesses privados do grupo de Cachoeira, que foi preso em 29 de fevereiro, durante a Operação Monte Carlo, sob a suspeita de comandar um esquema de exploração ilegal de jogos de azar e fraudes em licitações.