Com os trabalhos da CPI do Cachoeira em baixa, o relator Odair Cunha (PT-MG) vai se dedicar, na semana que vem, a um treino intensivo com delegados da Polícia Federal e promotores para aprender a inquirir os depoentes. As "aulinhas" vão acontecer depois dos depoimentos dos governadores de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), que evidenciaram a falta de traquejo de Cunha.
"Vai ser um intensivão. Como não sou desse mundo da investigação é preciso fazer um treinamento de investigação, saber quais são as técnicas", explicou o relator. "Não é esse negócio de pergunta e resposta", disse. Assim como ele, os governadores também fizeram intensivos para "fazer bonito" na CPI: Perillo treinou exaustivamente com assessores sua fala na comissão, enquanto Agnelo foi preparado pela profissional de mídia training Olga Curado.
Integrantes da CPI pretendem reunir-se com o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, para reclamar da demora do envio de quebras de sigilos bancário e fiscal. Também deverão se encontrar com a diretoria da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para solicitar o envio de informações sobre o laboratório farmacêutico Vitapan, de propriedade da família do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.
O recesso da semana que vem CPI vai servir para amainar os ânimos na CPI. Nesta sexta, o líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), defendeu o desligamento de parlamentares da comissão que almoçaram, em Paris, com o ex-presidente da Delta Construções Fernando Cavendish. O senador Ciro Nogueira (PP-PI), que votou contra a convocação do empresário, e o deputado Maurício Quintella (PR-AL) admitiram ter se encontrado com Cavendish, durante a Semana Santa, na França, depois de uma viagem oficial a Uganda.
"O mais adequado seria os que estão sob suspeição pedirem para sair da CPI", afirmou Dias. "O correto teria sido eles se declararem impedidos de deliberar sobre o tema", disse o tucano.