O depoimento foi prestado por Dilma ao Conedh-MG em 2001, quando ela ainda ocupava o cargo de secretária de Minas e Energia do Rio Grande do Sul, e foi divulgado pelo jornal Estado de Minas. O documento faz parte de um acervo de mais de 700 processos criados pelo Conedh-MG para indenizar presos políticos no Estado. No depoimento, a presidente relata uma série de agressões sofridas em Minas, que incluem sessões no pau-de-arara eletrochoques e socos e chutes que chegaram a causar deformação na arcada dentária de Dilma.
As sessões de tortura foram motivadas por 22 bilhetes de Ângelo Pezzuti, estudante de Medicina que militou com Dilma no Comando de Libertação Nacional (Colina) e na Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), morto em um acidente de moto no exílio em Paria em 1975. Nas mensagens, escritas sob o codinome "Gabriel", ele tramava a própria fuga e a de outros companheiros de um presídio em Ribeirão das Neves, na região metropolitana de Belo Horizonte, e envolvia a companheira "Estela", um dos codinomes de Dilma.
Os bilhetes foram interceptados por agentes do governo e Dilma foi interrogada na Operação Bandeirantes (Oban), em São Paulo e, posteriormente, transferida para Juiz de Fora, onde voltou a ser torturada. Segundo a presidente, os interrogatórios foram conduzidos por agentes "muito interessados em saber meus contatos com Ângelo Pezzuti, que, segundo eles, já preso, mantinha comigo um conjunto de contatos para que eu viabilizasse sua fuga". "Eu não tinha a menor ideia do que se tratava. Desconhecia as tentativas de fuga de Pezzuti, mas eles supuseram que se tratava de uma mentira", disse Dilma.