Para Ribeiro, a Operação Monte Carlo corria o risco de ser inviabilizada caso outras formas de apuração tivessem sido usadas. “O início dessa investigação por meio de interceptação telefônica justifica-se em razão da excepcionalidade da situação, na qual, entre os investigados, já se vislumbrava a presença de inúmeros policiais militares, civis e federais, entre os quais delegados, na logística de segurança e no fornecimento de informações para a suposta organização criminosa, a comprometer a eficácia dos demais meios de prova”, justificou.
O juiz federal Marcos Augusto Souza acompanhou o voto de Cândido Ribeiro, afirmando que as escutas eram necessárias porque os investigadores da PF “tinham limitações” e, ainda assim, já havia ocorrido “uma investigação preliminar”. A posição de Tourinho preocupava investigadores da PF e o Ministério Público porque, se fosse confirmada pelos demais juízes, poderia comproter toda a operação e colocaria em risco também o inquérito contra o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) no Supremo Tribunal Federal e a CPI do Cachoeira.
Com a decisão colegiada, a defesa poderia apenas apresentar um embargo de declaração ao próprio TRF-1, pedindo o detalhamento de algum ponto, ou recorrer ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), o que a advogada Dora Cavalcanti, da equipe de defensores de Cachoeira, adiantou que vai fazer. “Vamos insistir na tese da ilegalidade das escutas telefônicas, porque ela é fundamental para a preservação dos direitos e garantias de todos os acusados do país”, argumentou.
Habeas corpus A decisão da Terceira Turma derruba também a determinação de soltura do bicheiro dada por Tourinho Neto na sexta-feira. No habeas corpus, o desembargador considerava que a prisão preventiva não era mais necessária, porque a organização criminosa chefiada por Cachoeira havia sido desfeita com a operação da PF. Mas o contraventor foi mantido preso porque o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) não concedeu a suspensão do mandado de prisão referente à Operação Saint-Michel.