Na avaliação do desembargador, a fortuna que o contraventor tem é incalculável e se origina, sobretudo, do lucro com os jogos de azar: “Ele financiava o pagamento de propinas, intermediava relações com políticos de expressão e se apresentava como ‘o homem’. Ele foi o responsável por criar um edital forjado no DFTrans para servir à Delta. As gravações telefônicas mostram os diretores da empresa em permanente contato com ele.”
A defesa alegou que o tribunal do DF não tem autoridade legal para processar Cachoeira, pois a Operação Saint-Michel, da Polícia Civil, é um desdobramento da Monte Carlo, da Polícia Federal, de âmbito nacional. Segundo os advogados, dos presos na ação, apenas Cachoeira continua detido. A defesa anunciou que vai recorrer ao STJ.
Máfia
A mulher do contraventor, Andressa Mendonça, acompanhou a sessão desde o início ao lado de familiares do marido. Ela deixou a sessão logo depois que a 2ª Turma Criminal definiu, já no segundo voto, que Cachoeira permaneceria na prisão. Cercada por jornalistas e perdida nos corredores do tribunal, ela não quis falar. Durante a sessão, porém, cochichou com parentes do bicheiro e enviou várias mensagens no celular. Uma delas dizia: “Saiba que você é uma vencedora”. Ela demonstrou preocupação e nervosismo quando ouvia acusações contra o marido, e chegou a pedir água com açúcar enquanto o relator lia o seu voto. “Vou embora, senão vou passar mal”, disse, antes deixar a sessão.
Ao ouvir do relator que o Cachoeira comandava uma máfia, Andressa riu. Constantemente ela balançava a cabeça de forma negativa e apertava a mão da cunhada, que, às vezes, recusava-se a olhar para o plenário. No fim, o pai do bicheiro, Tião Cachoeira, disse que estava decepcionado. Cachoeira segue preso na Papuda.