A notificação da CIDH chegou ao governo em maio. Ela fala em prisão arbitrária, execução sumária e ausência de investigação. O texto entregue pelo Itamaraty, de 47 páginas, invoca a Lei da Anistia de 1979 e afirma que a lei beneficiou também os agentes de Estado acusados de violações de direitos humanos no período da ditadura militar. Isso, segundo o documento, torna impossível a abertura de processo para apontar responsabilidades.
Não foi esse argumento, porém, o que mais irritou Ivo Herzog. Ele mostrou indignação com o fato de o governo ter arrolado, em defesa do Estado, o apoio que tem dado ao Instituto Vladimir Herzog, presidido pelo próprio Ivo. "Considero isso afrontoso, um desrespeito, uma tentativa de desqualificação da sociedade civil", afirmou. "O instituto surgiu da iniciativa de amigos, com o apoio de empresas privadas e públicas, para celebrar a vida do meu pai e contar a verdadeira história do que ocorreu naqueles anos."
Segundo Herzog, os familiares querem "um pedido oficial de desculpas e o reconhecimento, em novo atestado de óbito, de que ele não se suicidou", diz. Há 37 anos esperamos por isso."