O engenheiro Ivo Herzog disse nessa quinta-feira, em São Paulo, que considera "inaceitável" e "afrontosa" a resposta enviada pelo governo brasileiro à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), da Organização de Estados Americanos (OEA), no caso da denúncia que envolve a morte de seu pai, o jornalista Vladimir Herzog. Vlado morreu nas dependências do Exército em São Paulo, em 1975, após ter se apresentado para prestar esclarecimentos sobre suas atividades políticas. Na versão oficial, ele havia cometido suicídio. Segundo familiares, amigos e organizações de direitos humanos, foi torturado e executado.
Procurado, o Itamaraty informou que serviu apenas de intermediário e que o texto foi elaborado pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos.
Não foi esse argumento, porém, o que mais irritou Ivo Herzog. Ele mostrou indignação com o fato de o governo ter arrolado, em defesa do Estado, o apoio que tem dado ao Instituto Vladimir Herzog, presidido pelo próprio Ivo. "Considero isso afrontoso, um desrespeito, uma tentativa de desqualificação da sociedade civil", afirmou. "O instituto surgiu da iniciativa de amigos, com o apoio de empresas privadas e públicas, para celebrar a vida do meu pai e contar a verdadeira história do que ocorreu naqueles anos."
Segundo Herzog, os familiares querem "um pedido oficial de desculpas e o reconhecimento, em novo atestado de óbito, de que ele não se suicidou", diz. Há 37 anos esperamos por isso."