Brasília – O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), criticou nesta sexta-feira a forma como o processo de impeachment do presidente Fernando Lugo tem sido tocado no Paraguai. Sarney disse que ação está sendo muito rápida, o que pode acabar comprometendo o direito democrático da ampla defesa do presidente paraguaio.
"Pela celeridade com que esse processo está marchando, realmente não se assegura o amplo direito de defesa, como deve ter aqueles que passam por um processo dessa natureza. Nós tivemos [impeachment] no Brasil, mas seguimos todo o rito que a lei determinava, e demorou bastante tempo para que ele fosse concluído", disse Sarney na manhã desta sexta.
"O Brasil deve defender os princípios que ele tem e que foram colocados quando, com a Argentina, estabelecemos o Mercosul. Depois, esses princípios foram repetidos na Unasul [União das Nações Sul-Americanas]. Tanto é verdade que, quando fundamos o Mercosul, não admitimos o Paraguai porque [lá] havia um regime não democrático, presidido pelo general Stroessner", ressaltou Sarney.
Parlamentares paraguaios acusam o presidente Fernando Lugo de estimular conflitos entre ricos e pobres e invasões de propriedades particulares no país. Eles alegam que, ao apoiar as causas dos camponeses, o governo Lugo traz instabilidade, caos social e ameaça à paz interna. O impeachment de Lugo deve ser votado ainda hoje pelo Senado paraguaio.