Brasília - A defesa do senador Demóstenes Torres (sem partido) não descarta recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar anular parte do processo de quebra de decoro a que ele responde. O Conselho de Ética do Senado se reúne neste segunda-feira para votar o parecer do relator do caso, senador Humberto Costa (PT-PE), que pedirá a cassação de Demóstenes por usar o mandato em favor do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.
Na ocasião, o pedido foi recusado por três votos a dois. O presidente do conselho, Antonio Carlos Valadares (PSB-SE), deu o voto de desempate, chegando a dizer que, se fosse aceito, iria "procrastinar" o processo. O advogado de Demóstenes disse que a decisão deveria ter sido tomada por, no mínimo, nove senadores - metade mais um dos dezesseis senadores do conselho, aí incluso o corregedor.
No recurso ao STF que moveu dois dias depois daquela decisão alegando cerceamento de defesa, Kakay fez o mesmo questionamento. Mas a ministra Cármen Lúcia negou o pedido, sem ter analisado a questão do quorum especificamente. "No meu ponto de vista, tinha que anular o processo a partir do momento em que o conselho negou o pedido sem ter quorum para tal", afirmou o defensor.
Se o conselho rejeitar o pedido, o advogado disse que conversará com Demóstenes para decidir se vão ao Supremo contestando novamente. "O voto é 100% político, o processo não, é jurídico", ponderou Kakay, ao ressaltar que, em outras três ocasiões, quis recorrer ao STF questionando decisões do conselho, mas só não o fez porque o senador demoveu-o.
Segundo a defesa, Demóstenes não vai participar da reunião que selará seu destino, em votação aberta. O advogado do senador ainda não decidiu se fará uma defesa política do parlamentar, pedindo sua absolvição. "Vai depender do momento", afirmou Kakay.
Caso a maioria opte por cassar Demóstenes, o caso seguirá para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, que vai analisar em cinco sessões se o processo está de acordo do ponto de vista constitucional, legal e jurídico. Logo depois, será votado em plenário, em sessão secreta. A expectativa é de que ocorra até o meio do ano.